Crack: escravidão física e psíquica

Desde 1980 a “raspa da canela do capeta”, como era no início conhecido o crack, vem se alastrando não somente nas capitais, mas inclusive pelas cidades do interior dos Estados, em uma velocidade que já envolve, por exemplo, quase um terço dos municípios de São Paulo, segundo um mapeamento da Confederação Nacional dos Municípios – CNM, que já reconhece ser um dos principais desafios dos gestores públicos também de pequenas e médias cidades; inclusive atingindo todas as classes sociais e níveis de estudo.
 
Constata-se que o crack consome o indivíduo em pouco tempo também pelas circunstâncias de seu uso, que acontece via acessórios sem nenhuma higiene, como é o caso das latas de alumínio, cachimbos e cinzas de cigarro. Soma-se a isso a sensação de baixo custo financeiro da droga que logo se desfaz, pois o consumo se dá durante alguns dias ininterruptamente, já que o efeito dura poucos minutos, provocando assim um uso crescente e desenfreado; e a quase ausência de cheiro da droga que facilita seu consumo na maioria dos locais.
 
Todo esse “prazer pela droga” traz consigo preço cruel e trágico, que é a total escravidão física e psíquica; envolvendo também questões como a co-dependência que somada ao quadro de sofrimento coletivo potencializado quando, em algumas situações, um ou mais familiares não aceitam participar de uma psicoterapia, pois nem sempre se reconhecem como “parte efetiva dos esforços e desafios”, principalmente quando a codependência funciona como um mecanismo de “preenchimento de um vazio psíquico”, no qual as questões pessoais como solidão, carência, frustrações... são preenchidas com o olhar e atenção às tragédias desse parente ou filho dependente, onde na verdade todas essas pessoas acabam adoecendo e “sofrendo solidariamente”.

 

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