Quem nunca sofreu uma decepção na vida? É parte da nossa experiência na Terra. Sabemos que a decepção é fruto da expectativa. Essa por sua vez cria o que chamamos de ilusão. Uma vez iludidos, estamos à mercê de uma decepção. E na maioria das vezes ela vem. Mas com um propósito, resgatar alguma parte em nós que se perdeu. Vamos analisar isso...
Quando nos envolvemos com alguém ao ponto de criarmos ilusões nessa relação, é porque buscamos preencher algo em nós através desse envolvimento. E infelizmente são muitas as crenças sociais que inflamam tais ideias. Essa ausência de completude pessoal nos leva a acreditar que aquilo que precisamos está no outro ou na relação com ele.
Pronto, basta isso para que nos abramos à decepção. E por quê? Porque o que procuramos certamente não está no outro, está em nós. Só que não vemos, não sabemos disso. E aprendemos a descobrir essa verdade nas experiências, são elas que nos mostram a realidade da vida e o quão erradas estão muitas coisas que aprendemos.
Quando descobrimos de forma dolorosa que o outro ou a relação com ele não é aquilo que idealizamos, temos a oportunidade de admitir que tais expectativas nutridas antes eram apenas nossas. Todas elas frutos de pretensões e da busca pelo preenchimento e satisfação interior em algo que está fora. A grande verdade é que ninguém nos decepciona, somos nós que nos decepcionamos ao depararmos com a realidade que não corresponde às expectativas e ideais outrora abraçados.
Por isso, a responsabilidade pela dor é toda nossa, mesmo que ela tenha sido provocada inocentemente. Ninguém nos desilude, nós é que inventamos personagens na cabeça ao invés de conhecer o real do outro. Todavia, mesmo assim, tudo isso, embora doloroso, serve de ponte para um caminho de real cura e preenchimento. Leva ao resgate de si mesmo.
Quando você entende e aceita que a desilusão com alguém foi fruto de expectativas e ilusões suas, está finalmente pronto para enxergar que aquela parte ignorante do seu Ser precisa de amor. Do seu amor. Só criamos ilusões quando lançamos sobre as pessoas ou coisas a responsabilidade de nos fazer felizes, nos amar e nos dar a importância devida, a consideração ansiada, o amparo desejado. Condicionar nossa felicidade a algo ou alguém é se colocar à beira do precipício emocional.
E é só quando vestimos a humildade após mergulhar no profundo do emocional negativo provocado por uma decepção que conseguimos entender que tudo o que projetamos era nossa tarefa nos dar. Compreendido isso, inicia-se um caminho completamente diferente. Por mais que a decepção machuque, ela é um convite a voltarmos nossa atenção para nós mesmos e resgatar lados abandonados, carentes, machucados, incompletos.
Muitas vezes a dor nos leva em aprendizados que quando estamos bem não somos capazes de vivenciar, por ignorância. Uma vez que não fomos educados a ser nossos próprios guias e terapeutas. Neste caso, a vida, sábia que é, sempre dá um jeito de nos dar preciosas lições.
Se você pensa que chegou ao fundo do poço da dor através de uma decepção, saiba de algo: É neste lugar e neste momento que lhe é dada a oportunidade mais bela e importante que existe, a de se resgatar. E descobrir que tudo o que esperava vir do outro, de uma relação ou de uma circunstância, na verdade, deve ser suprido por você mesmo.
Pode ser através de uma decepção que descobrimos o quanto podemos nos amar e ser a nossa prioridade. Resgatando nosso autovalor e autoestima. E percebendo que somos o nosso maior tesouro. Quem sofre por não ter recebido algo que tanto esperava de alguém, tem a chance de aprender a se dar.
E se conseguir, terá dado um dos maiores saltos de consciência que existem, o de se amar acima de tudo. O de ser tudo para si mesmo. Independente, com completa autonomia de si e de seus sentimentos. É só essa independência que nos confere real felicidade, segurança e satisfação interior.
Que o Amor nos cure!
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