Nos últimos dias, presenciei algumas experiências na vida de uma pessoa próxima que me inspiraram a falar com você hoje sobre esse assunto. É fato que o sofrimento nos ajuda a crescer. Mas chega um momento em que ele está tentando nos dizer que é hora de dar um ponto final em determinadas situações.
Assim como você, tive sofrimentos e decepções ao longo da minha vida. Mas se tem algo que agradeço por ter cultivado sempre é o bom senso e a maturidade para entender o recado apenas com uma boa pancada. Nunca precisei de duas decepções amorosas, por exemplo, pra cair na real. Eu só tive uma e me serviu, foi o suficiente. Isso porque eu sofri e procurei aprender com a minha dor e descobrir os motivos do meu sofrimento em mim e não no outro.
Contudo, quando não temos esse discernimento, nossos sentimentos são como bolinhas de pingue-pongue, lançadas de um lado para o outro, em poder de terceiros. E fica difícil viver assim. Aprendi que o sofrimento é uma maneira da vida sinalizar que há algo que precise, ser mudado em nós. Até que o indivíduo tome consciência de seu problema interno, o sofrimento, eu diria, é funcional. Necessário, até.
Mas, a partir do momento em que o sujeito sabe de sua situação e tem consciência dela, a dor torna-se opcional. Você infelizmente passa da condição ignorante e natural de aprendizado para outra, onde se torna o cúmplice da própria infelicidade. E, por que, mesmo nessa situação, as pessoas não tomam uma atitude pra terminar com aquele ciclo, seja ele qual for?
Por três fatores: medo, zona de conforto e vitimismo. A maioria quer sair da situação que a machuca, seja um emprego que não proporciona mais alegria, seja uma relação amorosa onde já não há mais troca, sejam relações familiares, entretanto, nenhuma ação é tomada ou demora demais para que isso aconteça.
Quando você percebe que algo na sua vida transformou-se num martírio e, por mais que você tenha tentado consertar, simplesmente não dá mais, é porque o ciclo se fechou. É hora de dar um fim. Quando um ciclo acaba e a gente não acompanha esse fechamento, a situação fica insuportável. É a roda da vida. Tudo começa e termina de algum jeito, ou se transforma. E a dor é uma maneira de nos mostrar que é preciso uma decisão. E, quando não ouvimos, ela aumenta grandemente.
Se não fosse pelo medo que automaticamente nos prende na segunda questão, que é a zona de conforto, já teríamos deixamos o velho ciclo se fechar. E esses dois primeiros só têm força em nós por causa do terceiro vilão, o vitimismo, que nada mais é do que a crença no coitado impotente. E o sofrimento neste caso funciona como um agente auxiliador do Ser, porque é o incômodo da dor que fará com que o indivíduo reaja.
Infelizmente essa dor em muitos casos precisa ser insuportável. Aí ele descobre que tem força, porque se cansa. E, quando a gente se cansa, muda. E ficamos maiores que nossos medos e zonas de confortos. A vida simplesmente não nos dá outra chance a não ser reagir. E o que vale mais a pena: conviver com o sofrimento por autonegligência, sabotando-se terrivelmente? Ou reagir e fazer da dor de uma situação ruim uma oportunidade de recomeçar e dar mais sentido à vida? Quando uma história começa a se encher de vírgulas desnecessárias é porque está na hora de dar um ponto final. Tenha coragem de ter essa atitude. Não suporte o que você não precisa mais suportar. Escolha mudar. Sujeitar-se a medo, ilusões, vitimismo e zonas de conforto só vão te sujeitar ao sofrimento que poderia ser convertido em novidade de vida.
Que o Amor nos cure!
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