Hoje eu quero conversar sobre um assunto que não é bem a minha linha de trabalho, mas considero realmente muito importante a discussão acerca do mesmo. Até porque somos uma sociedade e o que acontece nela faz parte da nossa vida, do nosso dia a dia e definitivamente não tem como estar fora disso. E nem devemos. O que nos diz respeito como cidadãos e como seres humanos precisa ser tratado com atenção.
E por isso eu quero fazer uma reflexão sobre a educação oferecida aos filhos. É necessário bater? Será que a palmadinha educa? Faz bem mesmo? Bom, eu não tenho filhos humanos, mas ajudei a criar o meu sobrinho e pude aprender muito com isso. Com certeza enriqueci e amadureci muito a minha estrutura psicológica e emocional cuidando dele. E tal experiência me mostrou que existem componentes essenciais na educação de uma criança que quando ausentes contribuem para o surgimento de problemas e conflitos mais cedo ou mais tarde.
O que eu percebo é que muitos pais perdem a paciência e sujeitam os filhos à agressão física como meio de conter maus comportamentos. E sinceramente, pelo que percebo, a palmada agride tanto fisicamente quanto emocionalmente. Existe uma mensagem por trás disso, que é a seguinte: Se você não obedecer, vai apanhar. Traduzindo isso no subconsciente, seria mais ou menos assim: Ou faz o que deve ser feito ou vai sofrer. E isso fica gravado no subconsciente de uma criança e muitas vezes, toda vida dela é construída em cima de ideias do tipo. Daí, temos adultos vivendo suas vidas e ainda vítimas de crenças opressoras implantadas na infância. E estes acabam por terem um viver marcado pelo medo, tensão, insegurança, revolta e autorreprovação.
Claro que agressão não se trata somente de algo físico, palavras mal ditas pelos pais podem ser ainda mais agressivas e prejudiciais em algumas situações. E o que eu acho interessante é que na cultura cristã o perfil de Deus é justamente o perfil dos pais de antigamente. Aquela figura séria que carrega um porrete na mão, cheio de leis e regras de condutas, cujas infrações geram punições severas, castigos. Tudo isso para mim é profundamente prejudicial. Na infância é onde o espírito está se desenvolvendo no corpo físico e as impressões que sofrer nesta etapa serão profundamente marcadas e, muitas vezes, elas ficam durante toda vida. Criando muitos problemas e traumas.
A verdade é que a primeira fase da vida aqui na Terra é a mais importante no que diz respeito ao desenvolvimento psicológico-emocional do ser, e o seu comportamento futuro começa a ser construído com aquilo que ele vivencia quando criança e com a forma como ele é criado. E em minha opinião, tapa nunca educou ninguém e nunca educará. Agressão, seja física ou verbal só traumatiza, revolta, marca negativamente. Porque é uma criatura, a princípio, indefesa, contra um adulto que a agride. Justamente as figuras que na mente da criança são referenciais de proteção e carinho viram os agressores.
Acredito que bom exemplo de conduta e moral aliado à autoridade e disciplina educam maravilhosamente bem uma criança. Firmeza é diferente de agressividade e autoridade é diferente de autoritarismo. O que acontece é que presenciamos adultos despreparados sendo pais e infelizmente, despejando sua imaturidade, ignorância e muitas vezes frustrações em cima de uma criança ao invés de prepará-la para a vida. A meu ver isso está errado. A meu ver, primeiro precisamos nos educar, nos disciplinar e organizar a nossa vida em todos os setores para daí sim, inserirmos um novo espírito no contexto. Bom, esse é um assunto que puxa uma discussão enorme, mas eu preciso me limitar por enquanto. Porém, reforço que o amor, a sabedoria, a disciplina, a boa vontade e o respeito quando aplicados em doses justas dispensam qualquer necessidade de agressão. E a criança que recebe isso, em minha opinião, não vai precisar apanhar.
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