Hoje fui ao meu querido acupunturista Prof. Enomoto e a primeira pergunta que ele me fez é se tinha acontecido alguma coisa. Eu, à principio, disse que não, mas depois percebi o quanto de coisas tinham me acontecido e que eu estava lá, elaborando. E ele soltou a frase: "nessa sociedade, onde todo mundo manda a gente insistir, às vezes só precisamos desistir". Achei tão interessante. Isto porque eu estava já há alguns dias com isso na cabeça, como é importante seguir em frente, mas como é estratégico voltar para trás.
Na guerra, os grandes generais fazem isso, não? Em alguns momentos, é mais prudente voltar, desistir e perder uma batalha. E, muitas vezes, isso nos garante vencer a guerra. Eu vinha super ansiosa há algum tempo. Percebi que não estava mais conseguindo controlar a alimentação como antes e percebi nisso um sintoma.
Pedi ajuda para a minha terapeuta e consegui desvendar o mistério:
Terapeuta: De onde vem essa ansiedade?
Eu: Eu não sei, está tudo indo bem.
Terapeuta: Onde você acha que está se cobrando demais?
Eu: Bom, no trabalho eu sempre faço isso!
Terapeuta: Mas, e lá no trabalho, do que você precisa desistir?
Eu: Pois é, me deixei levar de novo.
Deixei que o dinheiro, esse anjo mal, me levasse novamente aos seus cântaros. Fiz uma coisa só pra me divertir e ter uma renda extra e lá estava eu sonhando com os píncaros e completamente longe da minha alma.
Minha alma não quer ser executiva. Odeia a ideia de vestir terninho, mas me deixei levar pelos outros. Hora de desistir. Hora de dar um passo para trás.
Por incrível que pareça minha ansiedade já diminuiu muito desde então. Já estou conseguindo me alimentar bem melhor, já estou com menos dor nos meus ombros. Já estou de voltar ao meu próprio caminho.
Sei que tenho muitas capacidades, para milhares de coisas. Mas é preciso fazer escolhas. Não temos tempo e nem disposição para fazer tudo o que temos de dons ou vontades.
Por isso que não viro cantora (sei que ,se estudasse, poderia até ser uma cantora lírica, segundo a minha professora de canto), por isso não sou redatora publicitária, por isso não sou organizadora de ambientes e eventos e tantas outras coisas.
Uma vez , quando eu estava bem perdida na profissão, eu fiz uma lista das coisas que eu poderia fazer na minha vida.
Meu Deus, saiu uma lista enorme. E tenho certeza de que se você fizer uma lista aí, com a cabeça bem vazia de preconceitos, tem muita coisa que você poderia fazer para viver. Mas, o principal, fazer com a alma para viver.
Então, eu estou desistindo. Desistindo da cantora lírica, desistindo da mãe de família, desistindo da redatora publicitária, desistindo de um monte de coisas que eu poderia ser.
Eu sou o que eu sou. Uma coisa lá dentro, que não tem muito nome, e é nisso que eu me defino. Não sou a psicóloga, a publicitária, a terapeuta floral, a numeróloga, não sou isso porque não caibo em rótulos.
Não cabemos nos rótulos porque todos os seres humanos são muito maiores do que eles. Desistir não é fracassar. Desistir é dar um passo atrás. É voltar para casa quando não sabemos mais para onde estávamos indo mesmo?
É ter um mínimo de integridade e falta de vaidade para dizer: eu desisto!
Ai que delícia dizer isso! Desisto do meu passado, de pessoas, de situações, de crenças, de medos, de vertigens. A partir de agora eu viajo mais leve.
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