Nada se compara a sensação de ter no peito ou na alma, ou ainda em todo o corpo, a leveza do silêncio que nos permite contemplar o amor. Pouco importa se a manifestação é espontânea ou provocada pela visão sublimável de alguém, ou alguma coisa, que nos inspire a sentir o que o amor nos diz.
Quando ele nos fala (o amor) a voz é silenciosa e suave a ponto de ouvi-la pelo simples fato de olhar, observar e ao mesmo contemplar a figura que nos arremete ao foco principal que se torna a nossa existência em um simples fragmento de tempo.
Seja um segundo ou uma hora. O tempo se torna eterno porque o sentimento é intenso. E de onde vem esse arrobo de felicidade espontânea? Não sei de onde ou como vem, só sei que quando se aproxima, toma conta de todos os meus sentidos que se apagam deixando reluzir somente o brilho intenso e ao mesmo tempo suave de sua manifestação. É plena, absoluta!
Poderia ser uma manifestação da alma? Creio que sim, por esta razão chega de forma surpreendente. Quando o amor chega, nosso corpo responde. Perdemos o sentido, o controle, porque nada mais importa ser controlado. É muito melhor ser controlado do que controlar… É uma medida de imposição de cima pra baixo e de baixo pra cima, não tem lado, tampouco altura, mas contundente, arrebatadora que muda todos os nossos prognósticos, toda nossa existência.
Em um minuto deixamos de lado nossos planos, sonhos e metas. Porque nesse instante somos, só amor. O amor não está no corpo e sim na alma. Acompanha-nos através de vidas e aprendizados. Cada vez que se aproxima do corpo físico é como se voltássemos toda nossa existência para sentir todo o caminho de aprendizado, mesmo não tendo lembranças claras do caminhar em busca do amor pleno que nos confere hoje a condição de ser integral, comprometido com o agradecer de ser e estar presente mais uma vez em um planeta que nos permite sentir toda plenitude de ter a emoção à flor da pele como nos toca o amor.
O caminho ao encontro do amor é dolorido, mas, não deixa marcas porque a essência do sentimento conquistado apaga as ranhuras da estrada percorrida ao seu encontro. Assim é sentir-se pleno.
O amor é por si a própria existência da experiência que não deixou marcas, mas, deixou entendimento que se tornou consciência na medida em que se completou o caminho. Por esta razão os seres quando se reencontram no linear tempo da vida despertam somente sentimento de gratidão... amor incondicional.
Não há barreiras quando o sentimento é puro porque nos tornamos transparentes e não temos mais a necessidade de esconder nenhum sentimento. Não temos mais opinião, somos o que somos porque assim nos tornamos e quando presente no corpo físico, manifesta-se somente a experiência acumulada que se transforma em sabedoria.
Compreender a existência é muito mais do que simplesmente viver uma experiência. É somar e adicionar ao histórico de vida, todas as vidas, todas as experiências. Por esta razão quando sentimos o amor na maior plenitude que o nosso corpo físico possa suportar, nada mais importa a não ser o próprio momento, a experiência sem sequer ter a oportunidade de observar porque não temos foco para fora e sim, todo nosso ser é voltado para dentro, para si próprio, sendo único dentro da formação do todo.
É impossível observar porque temos todas as células ocupadas em vivenciar a experiência e, o sentir é a plenitude do equilíbrio da contemplação. O amor não está dentro de nós ele É em nós!
Para chegar a esta compreensão, basta sentir, sem questionamentos.
Dárcio Cavallini
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