De maneira geral, não nos conhecemos profundamente e estamos sempre à mercê de nossas próprias repetições. Os padrões aprendidos em nossa primeira infância se repetem por toda vida e enquanto não os analisarmos, ficaremos presos nesse movimento repetitivo de atuações, gerando assim um sofrimento sem percepção dos comportamentos que nos sabotam.
Quando me refiro ao se autoconhecer, não falo aqui sobre conhecer seus sonhos, seus desejos ou sua missão de vida, mas sim a conhecer como sua mente se comporta, quais comportamentos você tem que lhe sabotam e suas fantasias referentes à realidade. Precisamos conhecer como nossa mente opera e como ela nos ajuda e nos atrapalha.
Como a mente opera
Todos nós temos maneiras diferentes de reagir diante das situações. Cada pessoa possui um repertório que aprendeu de acordo com as situações de sua vida. Se tivemos um pai que foi muito cruel e punitivo, pode ser que passemos a ver pessoas em posição de autoridade e que lembrem esse pai, como punitivos e cruéis. Assim, se lidamos com esse pai nos esquivando ou sendo submissos, lidaremos da mesma forma com essa pessoa que representa nosso pai para nosso inconsciente. Criamos assim um clico de repetição, repetindo o trauma, como uma forma de superá-lo.
Como sair do ciclo de repetição
Entretanto, não conseguiremos superar se tivermos o mesmo repertório de ações que viemos utilizando até então. O primeiro passo para sairmos do ciclo de repetição é identificarmos o que estamos repetindo. Quais situações ocorrem da mesma forma, mas com pessoas diferentes. Por exemplo, um paciente que sempre se coloca como uma pessoa injustiçada e explorada. Não quer dizer que a exploração não ocorra, mas que ele se coloca de maneira inconsciente nessas situações, sem perceber.
Para sair desse ciclo, ele precisa buscar ampliar sua visão. Isso é possível através de uma análise ou de uma psicoterapia. Um profissional que cuida da saúde mental sempre busca ampliar a visão de seu paciente, criando assim uma nova forma de se relacionar com o mundo e com as situações que ocorrem em sua vida.
Normalmente, existe um certo distanciamento da psicoterapia, acreditando-se que isso é para pessoas que possuem um grande problema mental. Outra crença errônea é que a terapia é algo rápido e breve, que o terapeuta será o salvador que irá curar todos os seus problemas. Na verdade, a terapia é algo libertador, mas precisa de muita coragem e determinação do paciente, pois ele tomará contato com muitas de suas repetições que são difíceis de enfrentar.
Primeiro passo
Precisa-se de coragem para buscar psicoterapia e de mais coragem ainda para continuá-la. O primeiro passo é saber que há sempre muito para conhecer sobre você mesmo e que é importante entender qual o comportamento autossabotador que está repetindo. Somente assim que conseguirá entender melhor a si mesmo e compreender que, caso esteja sofrendo, o principal responsável para mudar essa situação não é ninguém menos que a pessoa que você vê no espelho. É preciso coragem, mas tenho certeza que isso é algo que tem de sobra.
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