Como seres humanos, temos a capacidade espetacular de raciocinar e pensar sobre nosso próprio pensamento e mente. Planejamos nossa vida e podemos programar coisas para fazer em nossa forma de organizar o tempo. Você pode, por exemplo, agendar uma visita a um amigo na próxima semana. Essa capacidade de organizar-se no futuro somente é vista em humanos.
Porém poucas pessoas se dão conta de que uma das maiores capacidades do ser humano – e que poucos desenvolvem – é a habilidade de interpretar suas próprias emoções. Essa habilidade promove um esclarecimento de suas próprias ações e possibilita liberdade frente às situações que mexem com você.
Neste texto, gostaria de lhe explicar como a falta de conhecimento emocional pode prejudicá-lo e que, ao conhecer suas emoções, uma liberdade lhe é possibilitada, gerando, assim, uma nova perspectiva da vida. Ao final, apresento alguns caminhos para você trilhar para alcançar a tão desejada compreensão sobre si.
Falta de conhecimento emocional
Poderíamos colocar essa falta de conhecimento emocional como uma armadilha em que todos nós, em algum momento, caímos. Essa armadilha é quando sentimos determinada emoção e somos arrastados por ela. Não sabemos sua origem e, por não sabermos a intensidade dela sobre nós, ela se torna algo que não suportamos.
Para ilustrar melhor o que quero dizer, vou trazer um exemplo. Certa vez, um paciente veio até mim dizendo que tinha muitos acessos de raiva em seu trabalho. Ele constantemente se irritava muito e reagia a cada problema em seu trabalho com irritação e raiva. Ele estava cansado disso e veio até a terapia buscar se livrar desses problemas.
Ao longo das sessões, fomos entendendo que a raiva dele, na verdade, era uma resposta ao medo. Ele se sentia ameaçado. Achava que, quando um erro ocorria em seu setor, isso significava que ele não era um bom profissional. Consequentemente ficava irritado com ele mesmo. Essa irritação se externava, gerando atritos em sua volta. As emoções de base que sentia era medo (por errar e reforçar a crença de que não é um bom profissional) e culpa (profissionais bons não erram).
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Sem entender que o medo e a culpa eram o que geravam a raiva, ele continuava achando que a raiva era o seu problema. Ao longo de uma investigação nas sessões, descobrimos que o medo e a culpa, gerados por uma infância na qual ele não poderia errar, criaram uma pessoa que exige demais de si mesma e que se irrita ao sentir que não está sendo perfeita. Ao lidar com esse medo e culpa, entendendo que o erro e a falha fazem parte de nossa vida, a raiva que era consequência dessas emoções desapareceu. Não foi necessário curar a raiva, mas entender que ela faz parte de um dispositivo muito maior.
Liberdade gerada
No momento em que aprendemos como nossas emoções afloram, como elas nos arrastam e como podemos entendê-las, começamos a ter mais liberdade de ação frente a elas. No exemplo acima, a pessoa que me procurou para lidar com a raiva acabou tendo mais liberdade ao aprender sobre seus medos e angústias. Entendeu que sua raiva era gerada por causa de uma cobrança excessiva de desempenho em si mesmo. Ao entender isso, poderia verificar o quanto sua exigência era extrema e que não precisaria se culpar ou gerar medo. Assim, teria liberdade de agir diferente nessa situação e de não manifestar mais essa raiva protetiva.
Buscando o conhecimento
Podemos buscar esse conhecimento por conta própria. Isso não é impossível. Mas, assim como aprender a tocar um novo instrumento, uma nova língua, praticar um esporte, é sempre mais fácil com alguém para nos orientar. Nesse sentido, faz-se necessário um terapeuta, um psicólogo ou analista. Quando temos um apoio de alguém que nos ajude a olhar para nossas emoções e entendê-las, nossa jornada por nosso campo emocional se torna mais fluida.
Aprendemos a olhar para nossas emoções e enfrentar nossos medos. Não é um caminho fácil, mas se torna libertador quando aprendemos a observar nossas emoções. Se não entendermos nossas emoções, seremos sempre arrastados por elas.
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