Em nossa sociedade há uma lógica de que devemos primeiro nos preocupar com nós mesmos para depois olhar para os outros. Passamos a vida ocupados com nossas necessidades e demandas, focados apenas em nossa dor e alegria.
Na lógica social que operamos, devemos pensar primeiro em nós. Sem percebermos, essa ideia nos leva ao isolamento. Ficamos cada vez mais sozinhos à medida que envelhecemos. Perdemos o contato com os outros e criamos muros, distanciando as pessoas.
Primeiro eu
O foco em nossa necessidade faz com que não notemos que todas as pessoas sofrem. Não olhamos para o sofrimento do outro e ficamos cegos para as possibilidades que temos de auxiliar as pessoas. Ao focarmos apenas nossa dor e desejo, corremos em direção às coisas, importando-nos mais com elas do que com as pessoas.
O pensamento do “primeiro eu” faz com que estejamos cegos para a dor do outro, para sua visão sobre o mundo, e isso empobrece nossa própria visão. Quando não enxergamos como o outro vê a realidade, como ele interpreta, perdemos a capacidade de manifestar a empatia.
Essa perda da empatia gera o autocentramento. Acreditamos que nossa forma de enxergar é a correta, que nosso modo de viver é o modo certo e que as pessoas estão enganadas na maneira como vivem e se comportam. Assim, afastamos as pessoas, pois não compreendemos suas visões e anseios.
Ao nos afastarmos dos outros, geramos a depressão e ansiedade. Depressão, porque aumentamos o foco em nosso eu. O excesso de eu gera a depressão. Olhamos para nossas dores, pensado que somente nós sofremos. Olhamos para nossos desejos e perdas, como se somente nós tivéssemos desejos e perdas, e isso acaba por gerar a depressão.
A ansiedade vem quando acreditamos que precisamos de coisas para sermos felizes. Ficamos ansiosos para alcançar as coisas que desejamos. Se não as alcançamos, sofremos por isso. Mas se as atingimos, tornamo-nos reféns delas. Isso porque ficamos fazendo força para não as perdermos. Não nos damos conta de que a felicidade não habita as coisas.
Primeiro os outros
Se nos importamos com as pessoas, desenvolvemos a compaixão. Conseguimos ver o sofrimento delas e a visão que elas têm sobre o mundo. Ficamos enriquecidos com elas e aprendemos que somente podemos ser felizes vivendo em comunidade, em contato com as pessoas.
Se desenvolvemos habilidades como empatia, compaixão, interesse pelo outro, capacidade de perceber e aliviar o sofrimento, criamos conexões com as pessoas. Essas conexões criam nossa felicidade e nossa alegria. Se celebrarmos apenas nossas conquistas, teremos menos pelo que nos alegrar do que se celebrarmos as conquistas dos outros.
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Precisamos desenvolver a capacidade compassiva de sair de nosso autocentramento. Se saímos de nosso foco em nossa dor e desejo, criamos o que é necessário para que a alegria, o bem-estar e a felicidade aconteçam em nossa vida: compaixão.
A compaixão é quando entendemos que o centro de nossas atenções devem ser as pessoas e não nossos anseios, desejos, sofrimentos e coisas. Não somos seres criados para consumir, mas sim para cuidar, para amar e para manifestar a compaixão. Somente assim encontraremos significado, propósito em nossa vida.
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