Vamos começar esse texto falando sobre o mito de Sísifo. Sísifo era filho do Éolo, o deus dos ventos e era considerado o mais inteligente e perspicaz de todos os mortais. Porém, ao tentar enganar a morte, Sísifo foi condenado a rolar uma pedra enorme todo dia até o alto de uma montanha. Contudo, o esforço seria tamanho que ele não conseguiria manter a pedra e essa rolaria até a base, fazendo-o começar todo o processo novamente no início do dia. Obviamente uma tarefa que frustra e deprime quem a faz.
Talvez você esteja se perguntando: "Ok, mas o que isso tem a ver com o sentido da vida?".
A história de Sísifo serve como uma analogia aos nossos tempos tão corridos. Todo dia iniciamos empurrando nossa pedra, seja indo ao trabalho, arrumando nossa casa, almoçando, trabalhando mais, etc. Todo dia iniciamos a mesma rotina, o mesmo trabalho de empurrarmos nossa pedra.
Acabamos fazendo essas coisas sem um sentido, sem um propósito, apenas para viver mais um dia. Ficamos automatizados nesse processo e não percebemos que estamos nos frustrando, embriagados no trabalho durante a semana apenas para se embriagar nas diversões do final de semana. Dessa forma vamos desenvolvendo um vazio existencial, podendo levar a tristeza e a depressão.
Mas qual seria o sentido de viver?
Viktor Frankl, no seu livro “Em busca de Sentido”, fala que encontramos nosso sentido quando significamos as situações em nossa vida, no momento em que respondemos ao chamado da vida, daquilo que consideremos nossa verdadeira missão de vida.
Dar sentido à vida quer dizer dar sentido a todos os aspectos que ela nos apresenta, desde a felicidade até o sofrimento. Significar a vida dando sentido ao que fazemos, unindo nossos valores àquilo que fazemos em nosso dia a dia. Isso significa que apesar de em alguns momentos de nossa vida sermos obrigados a suportar diversas situações que não são agradáveis, temos ainda a liberdade interior de escolher como vamos responder a essas situações. Essa liberdade interior ninguém pode nos tirar. Podemos escolher como será nossa condição interior. Buscar esse sentido é essencial em nossa vida, pois nos dá um sentido de continuidade, um porquê de viver.
Claro que conhecer nossa missão diz respeito a nos conhecermos, a entender nossos valores, aquilo que para nós é sagrado e que valorizamos mais do que tudo. Descobrir nosso propósito tem muito a ver com se descobrir. Precisamos olhar para o interior e buscar nossos valores mais profundos para que possamos responder ativamente a vida.
Um propósito maior guia sua vida, até mesmo a busca de um propósito pode ser um propósito em si. No entanto, estamos tão ocupados com nossas pedras que não nos damos conta desse propósito que reside em nosso interior e que o negamos de diferentes formas. Precisamos conectar nossos valores a nossas ações, a nossas atitudes, mas para isso devemos conhecer esses valores.
O que é importante para você? O que você acredita ser essencial para o ser humano? Qual é sua contribuição para o mundo? O que você hoje pode contribuir para a sociedade onde você está?
Essas perguntas levam a um novo conhecimento sobre si e sobre aquilo que valoriza, pois como disse Nietzsche: “Quem tem porque viver suporta quase qualquer como”.
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