Neste texto, me aprofundarei mais no assunto sobre padrões que geram problemas e falarei sobre dois aspectos. O primeiro é sobre como herdamos padrões que geram sofrimento de nossos pais. O segundo é o aprofundamento sobre o caminho para a libertação desses padrões e de como ele pode ser possível.
Padrões estabelecidos
Nossa família, com certeza, é algo importante para nós, seja qual for o tipo de relação que você tenha com a sua. As experiências que temos com os nossos familiares serão levadas para o resto de nossas vidas e perpassarão às demais relações que temos.
Se a nossa relação com a nossa família foi de muito conflito, é provável que esses conflitos atravessem as nossas interações com as pessoas. Para exemplificar melhor, se uma criança tem um lar turbulento e que gere muito estresse a ela, é lógico pensar que ao crescer será um adulto que se estressa facilmente, pois aprendeu a reagir assim às diversas situações.
Da mesma forma, muitos pais ensinam e passam aos seus filhos (muitos, sem perceber) as suas estratégias de como agir em diferentes situações e o que valorizar na vida. Muitos valorizam as conquistas e estabelecem para os seus filhos metas que precisam atingir para serem felizes, condicionando a felicidade a um conjunto de metas, como por exemplo: você precisa ter um bom trabalho, uma boa casa, um bom carro, um bom emprego, etc. Assim se formam desejos que temos e que, no fundo, não são nossos.
Um caminho para a libertação
Quando falo de libertação, refiro-me à capacidade de sermos felizes independentemente dos eventos que ocorrem em nossas vidas, pois se somos capazes de gerar felicidade condicionada nas coisas, somos capazes de sermos felizes independente delas. Para isso, precisamos desenvolver a habilidade de não sermos carregados por emoções perturbadoras e nem pelos eventos externos.
As pessoas em geral são escravas dos eventos externos. Se alguém nos elogia, carrega o nosso ser de alegria, mas se nos ofendem, levam embora toda a nossa felicidade. Somos facilmente carregados, assim como uma folha ao vento. Não conseguimos manter a nossa felicidade nem mesmo se quisermos.
Para manter o aspecto da felicidade, primeiro precisamos aprender a não sermos carregados pelo vento da emoção. E a meditação é o primeiro passo, porque com ela, nós aprendemos a não sermos responsivos e a não reagir de imediato diante de uma emoção que brota no evento.
Entretanto, esse é o primeiro passo do treinamento. Depois de conseguirmos incluir o hábito da meditação em nosso caminho, iremos agora treinar essa habilidade na relação e no contato com os outros, desenvolvendo os valores e operando no mundo com o objetivo de não causar mal ao próximo. Ainda assim operamos de maneira limitada, pois não estamos conseguindo auxiliar o outro no mundo dele.
Quando falo desses passos, muitas pessoas se questionam sobre o que teria a ver ajudar o outro com a minha felicidade. Nesse ponto, vejo que ainda não entenderam que a felicidade só é possível quando transcendemos a questão do eu e aprendemos que a felicidade está na conexão que desenvolvemos com os outros. A felicidade opera na condição da não responsividade e na capacidade de ter ações que signifiquem algo que seja maior que o seu eu.
Para finalizar, termino com um ensinamento budista e que gostaria que você refletisse sobre isso, porque é algo muito profundo e que o seu entendimento auxiliará você em sua busca pela felicidade. Certa vez, um discípulo perguntou ao mestre como deveria tratar as outras pessoas. O mestre o olhou e respondeu rapidamente: “Não existem outros”.
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