Existe uma linha muito tênue entre a raiva e o ódio, como os tons de azul bailando no horizonte. Sentimos a diferença que nos toca, mas não diferenciamos sua dor, nem seu total contexto.
Se nos dizemos encantados e agradecidos com a vida, certamente não damos razão para a vingança, nem vazão ao rancor para que se espalhe por nossos poros e exale o fétido odor do desalento e da decepção.
Mas, quem disse que nunca sentiu raiva do companheiro querido que disse até nunca mais, ou dos pais que proibiram a realização de um sonho tão lindo, da chuva na hora da festa ao ar livre, do vendedor de ingressos quando lhe disse que o anterior fora o último, da interrupção do beijo ardente quando a porta do elevador se abriu.
Ainda com seus válidos motivos, não podemos anular a nossa história. Pode estar escrita nos momentos em que passeávamos de mãos dadas por qualquer calçada, mas sentíamos o calor do outro; da lua brilhando vista pela janela; dos beijos carinhosos durante nossos encontros; da presença silenciosa entre queixas, confissões e palavras vazias.
Se assim foi, nunca será despertado o ódio em nosso coração, porque, afora as diferenças, houve uma linda história de amor que jamais será esquecida e, muito menos, apagada.
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