Independentemente de qual seja a sua religião, você já ouviu pelo menos falar de Iemanjá, a rainha dos mares. Esse orixá das crenças de raízes africanas, segundo a lenda, é filha do casamento de Obatalá, o céu, com a terra, Odudua. Após o crescimento de Iemanjá e seu irmão Aganju, os país ordenaram que o menino ficasse responsável por controlar a terra, enquanto Iemanjá ficou com o controle dos mares.
Além de ser rainha dos mares e das águas, Iemanjá tem outra grande importância para os muitos afro-brasileiros. Segundo a lenda, ela e Aganju, seu irmão, acabaram se envolvendo e deram à luz boa parte dos orixás mais poderosos, como Xangô, deus do trovão, Oxóssi, deus da caça, Omolu, deus das doenças, e Ogum, deus dos ferros e das guerras.
Agora que você já está familiarizado com as principais características de Iemanjá, conheça algumas curiosidades sobre esse orixá:
Etimologia
O nome “Iemanjá” vem de três palavras do idioma iorubá. “Iya” é “mãe”, “omo” é “filho” e “eja” é peixe. A junção desses três termos é que deu origem à palavra “Iemanjá”.
Características
O sábado é o dia associado ao culto a Iemanjá, e as cores branca e azul são associadas a essa divindade. O número associado à deusa é o 5, e o elemento dela, obviamente, é a água.
Saudação
Há duas principais saudações para entrar em contato com Iemanjá: “O doiá” (que significa “rio”) e “Odofé Ayabá” (que significa “amada senhora do rio”)
Vários nomes
Apesar de ser mais conhecida como Iemanjá, a rainha dos mares das religiões afro-brasileiras também é conhecida por outros nomes, dependendo da região do país onde acontece o culto a ela. Entre esses nomes estão: Iara, Sereia, Rainha do Mar, Janaína e Mãe D’Água. Em alguns rituais específicos, os nomes são bastante diferentes. No ritual angola, por exemplo, as águas do mar são comandadas por uma divindade que atende pelos nomes Quissimbe e Dandalunda. No rito jejê, por sua vez, Abe é o deus aquático que comanda as águas.
Janaína
Na região Nordeste, é muito comum que Iemanjá seja chamada de Janaína. Esse nome vem do idioma iorubá e significa “mãe que honra”, mas há pesquisadores e filólogos que atribuem a etimologia dessa palavra a idiomas indígenas.
Maternidade
Como explicado na introdução, Iemanjá deu origem a diversos outros orixás, então sua figura normalmente é associada à maternidade e à fertilidade, então é buscada por mulheres que procuram consolo e proteção durante a gestação.
Sincretismo
Como as religiões afro-brasileiras misturam mitos das religiões africanas e características de outras religiões que são populares no Brasil, é inevitável que aconteça um processo chamado sincretismo, isto é, a fusão de diferentes cultos ou doutrinas religiosas, com reinterpretação de seus elementos. Frequentemente, por exemplo, Iemanjá é associada à figura cristã de Nossa Senhora da Conceição.
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Em outras regiões do Brasil, esse processo de sincretismo é feito com Nossa Senhora da Assunção ou Nossa Senhora dos Navegantes.
Dia da Rainha
Também conhecido como Dia da Rainha, o dia 2 de fevereiro é conhecido por ser o dia da famosa festa de Iemanjá, que acontece na Praia do Rio Vermelho, em Salvador, na Bahia, mas também é reproduzida em outras cidades e Estados. Nesse dia, os devotos a Iemanjá depositam palmas-brancas, rosas, arroz, peixe e mel no mar, como oferendas à deusa. Até mesmo pessoas que não se consideram umbandistas ou candomblecistas são bem-vindas e participam da festividade.
Fazendo pedidos
No Dia da Rainha, é comum que os devotos escrevam seus pedidos em bilhetes de papel, que são lançados no mar em barcos. Com a intenção de agradar à deusa, alguns fieis enviam, junto aos seus bilhetes, perfumes, flores e velas, que, segundo a lenda, seriam do agrado da divindade.
Outros poderes
Além de ser a rainha dos mares, Iemanjá associada à maternidade e à fertilidade, como já explorado em outro tópico, mas também a outras duas características: ao começo do mundo e à continuidade da vida.
Origem
Não se sabe muito bem a origem do culto a Iemanjá, mas o mais provável é que tenha começado entre o povo egba, na Nigéria, uma população que habitava a região próxima ao rio Yemonja, de onde provavelmente veio o nome da deusa.
Feminismo
Iemanjá também é frequentemente associada ao feminismo, já que, em algumas variações de seu mito, a deusa mantém distância dos homens e de figuras masculinas, demonstrando impaciência e irritação com seus maridos ou até vivendo sem a companhia de homens.
Na umbanda
Enquanto o Dia da Rainha, em 2 de fevereiro, normalmente é celebrados por aqueles que praticam o candomblé, os umbandistas fazem suas homenagens a Iemanjá em 15 de agosto, enquanto pessoas que não são tão relacionadas a nenhuma das duas religiões especificamente preferem o dia 31 de dezembro, na virada do ano.
Virada
Na virada, inclusive, costuma-se pular sete ondas com o objetivo de agradar algumas entidades, incluindo Iemanjá, a quem é dedicada a última onda.
Imagem
Inicialmente, quando os mitos africanos ainda não tinham sofrido tanta influência das religiões cristãs, Iemanjá normalmente era representada como uma mulher de seios enormes e pele escura. Atualmente, a imagem da deusa é mais conservadora, justamente por causa de sua associação a Nossa Senhora, uma figura cristã.
Uma das figuras mais populares de todas as religiões praticadas no Brasil, Iemanjá é admirada por seus devotos e fieis mas também respeitada até mesmo por aqueles que não praticam a umbanda ou o candomblé. Apesar de ser tão conhecida, poucos conhecem a maioria das curiosidades apresentadas neste artigo, algumas essenciais para que se compreenda o significado desse orixá e do culto a ele.
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