Há alguns anos eu acompanhei uma história linda. Na época, ela, uma mulher com 32 anos, recém-separada e com duas filhas pequenas. Ele, um menino de 16 anos, quase da família, e com a vida toda pela frente. Eles se encontraram numa festa de noivado e foi amor à primeira vista. Nenhum dos dois acreditaria que aquilo poderia ser tão forte. Dezesseis anos separavam eles. Um milhão de experiências diferentes. A jornada foi árdua. A família dos dois foi radicalmente contra. Ela brigou pela guarda das filhas, todo mundo a chamava de louca. Hoje, alguns anos depois, os dois estão casados e muito felizes. Tiveram outro filho, deles, lindo e são um casal exemplar.
Isso tem acontecido bastante. Hoje, com a evolução humana, perdeu-se a necessidade da combinação “mulher jovem + mais baixa + mais pobre com homem rico + mais velho + mais alto”. As diferenças estão aí para quem quiser ver. Tanto em casamentos entre idades diferentes, quanto em outras condições como credo, raça e condição social.
Mas, as mulheres que escolhem homem mais jovens, por já terem suas vidas financeiras e profissionais estabilizadas, ainda sofrem muito preconceito. Estes dias uma fofoca envolvendo Luana Piovani e seu marido, 15 anos mais jovem, assolou a internet. Um colunista dizia que o casal estaria se separando (o que ela mesma desmentiu no Facebook depois). O problema não foi só a fofoca em si, mas os comentários maldosos que eu li no próprio Facebook da atriz, de supostos fãs.
Algumas, sempre mulheres, diziam que ela tinha se livrado de mais um filho. Alguns escreveram “até que durou muito” ou “estava demorando”. Diziam que aquilo não tinha como dar certo, perguntavam se o chifre dela doeu muito, que ela estava certa em se livrar dele e mais um monte de preconceitos horrorosos. O pior é que veio dos próprios fãs, como pode isso? Muitas mulheres, exemplares e sensacionais, passam por isso, como Preta Gil e Ivete Sangalo que também têm maridos muito mais jovens do que elas.
O problema é um só (e faço coro com a Valesca Popozuda): recalque. Sim, relacionamentos são difíceis até quando são fáceis, mas ver uma mulher que banca (às vezes literalmente) um marido ou namorado mais jovem dói muito em quem sempre quis ser livre a esse ponto. Na verdade, sempre que criticamos o outro é porque temos algum envolvimento com aquilo. Não apontamos o dedo para coisas que não nos interessam. O problema não é a idade em si, é preciso realmente entender que o amor, sim, pode acontecer em qualquer tempo, espaço e atitude.
E pode nem ser amor. Pode ser uma pegação, um caso. Pode ser qualquer coisa desde que esteja fazendo os dois felizes, qual é o problema? De novo estamos falando de preconceito, de conceitos preconcebidos, que nada tem a ver com a realidade dos fatos. A vida é assim, ela não escolhe. O coração tem vida própria e cada vez mais estamos dispostos a olhar para isso e não só para o que a razão determina como certo.
Afinal entre o “mulher nova, bonita e carinhosa” e o “panela velha é que faz comida boa”, eu fico com a segunda opção.
Confira também: