Constantemente me deparo com pessoas, dentro e fora da clínica, que vivenciam diferentes formas de pressões e de cobranças dentro de suas relações afetivas, num tipo de jogo e de apelos que buscam estabelecer, resgatar ou manter certa ordem de dependência, influência e dominação, numa dinâmica que nem sempre é percebida pela pessoa que se sente acolhida, pois essa falsa sensação de cuidados pode maquiar a essência de uma verdadeira relação refém.
São atitudes, falas e até mesmo gestos que levam as pessoas mais fragilizadas e sensíveis a uma vulnerabilidade maior do que a considera normal, pois pra ela a vitimização e a imagem de impotência podem funcionar como uma tábua de salvação, imaginando que poderá surgir nesse mar de emoções, alguém capaz de correspondê-la dentro de suas expectativas e ansiedades, sem necessariamente envolver-se efetivamente nas questões que poderiam fazê-la repensar com relação a essa falsa e ilusória zona de conforto.
Estabelece-se então uma cumplicidade velada entre as partes, onde cada um pode simular e dissimular as suas ações em detrimento de avaliações mais aprofundadas e consistentes, inclusive com ajuda profissional, pois podem emergir outras limitações e desafios, outros pontos frágeis e sensíveis, passando até mesmo por um tipo de avaliação da relação custo benefício, onde para não perdermos certas coisas abrimos mão de outras, inclusive até mesmo de boa parte da identidade e do que realmente possa nos fazer bem de dentro para fora.
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