Nossos sonhos são projeções visuais de nosso inconsciente, que podem ser compostos de diferentes elementos: preocupações e ansiedades que vivemos durante o dia, memórias antigas, lugares e pessoas que conhecemos e sentimentos que não conseguimos compreender nem nomear.
Um sonho lúcido é aquele no qual você tem a consciência de que está sonhando e sabe que pode participar da ação do sonho. Para a maioria das pessoas, isso é bastante raro. Os momentos nos quais você questiona a realidade de um sonho podem até ser comuns, mas em seguida você abandona esse pensamento, ou acorda. Um sonho lúcido parece mais claro e é mais fácil de ser lembrado ao acordar. Pesquisas sugerem até que eles não sejam sonhos propriamente ditos, mas um estado diferente de consciência.
O consciente, ao contrário do inconsciente, tem a ver com foco, controle e escolha. Já o inconsciente guarda os instintos, as impressões. Essas duas partes de nossa mente funcionam simultaneamente durante a maior parte do tempo, mas a consciência é o que realmente nos damos conta, enquanto o inconsciente está lá atrás, processando tudo. Durante o sono, porém, é o inconsciente quem toma conta e, de forma simbólica e abstrata, revela o que existe lá. O sonho é uma forma de desapego do racional. Sonhar lucidamente vai contra essa característica. Implica em se reconhecer no sonho, e estabelecer um controle. Por isso, não é fácil ter sonhos lúcidos.
Existe uma personalidade consciente dentro dos sonhos - um ego onírico. Mas ela é diferente do nosso eu acordado. Ela vivencia o que está ao seu redor, mas não busca ter o controle sobre o universo onírico, apenas reage àquelas situações como se fossem reais, independente de quão absurdas. O ego onírico não questiona.
O transporte do ego consciente para o universo dos sonhos implica em duas formas de sonhos lúcidos: a mera observação do que o sonho apresenta e a busca por ter o controle sobre aquilo. À sua maneira, ambos são úteis. A primeira traz autoconhecimento, ajuda a memorizar melhor os sonhos e tentar compreender o que se passa em nosso inconsciente, o que ele está tentando nos dizer e como podemos melhorar nossa psique com esse conhecimento.
A segunda pode funcionar para afastar sonhos perturbadores e encontrar resoluções oníricas, que podem auxiliar em questões da vida real.
Algumas pessoas, de forma espontânea, têm sonhos lúcidos uma vez por mês. Há também sonhadores lúcidos que buscam atingir esse estado com técnicas de indução. Estas podem ser diários de sonhos, que ajudam a identificar padrões que se repetem neles, sendo assim, mais fácil reconhecer quando se está em um. Alguns exemplos: treinar visualizações e palavras de motivação; associar algo a estar sonhando, pode ser um objeto ou uma ação, algo que será o seu sinal de reconhecimento de que aquilo é um sonho e até técnicas mais científicas, que buscam encontrar o ponto exato do sono REM (o momento em que se sonha) e colocar o cérebro num estado mais próximo da vigília. Sonhadores lúcidos alcançam o estado de sono desejado realizando quase uma forma de auto-hipnose.
Pessoas que sofrem com a paralisia do sono contornam os problemas usando técnicas de indução de sonho lúcido. Esse distúrbio ocorre ocasionalmente com muitas pessoas. Durante a crise, o indivíduo não consegue se mover, mas já pode ver imagens do sonho, que então parecem alucinações assustadoras. Se eles estão preparados para compreender o sonho lúcido, conseguem passar para o outro estado de consciência e então acordar de fato, ou adormecer, tendo até sonhos normais depois.
Os sonhadores lúcidos relatam diversos benefícios, desde realizar desejos impossíveis durante os sonhos até a expandirem o autoconhecimento.
Confira também: