Há alguns dias atrás, enquanto eu coordenava um grupo de estudos espiritualistas no centro espírita da qual faço parte, sugeri a uma das alunas que abrisse o Evangelho Segundo o Espiritismo aleatoriamente. É interessante perceber que de todas as ocasiões em que fiz isso, várias vezes caiu o mesmo capítulo, independente da pessoa que o abriu. E naquela ocasião novamente tivemos a oportunidade de refletir e trocar opiniões sobre o texto intitulado "O Maior Mandamento". Neste discurso Jesus afirmou que o maior mandamento é "amar a Deus e ao próximo como a si mesmo". Fiquei curioso e me perguntei por que este texto caiu novamente em nossos estudos. Cheguei à conclusão de que o motivo é simples: é porque o amor ainda é a grande necessidade do ser humano! O homem precisa de muitas coisas, mas parece que cada vez mais precisa aprender a amar.
Nesta passagem de Jesus, muitos preferem levar a mensagem de um ponto de vista literal, ou seja, de que precisamos simplesmente amar a Deus (aquela figura imperadora que está no alto dos céus) e amar ao próximo como a si mesmo - simples assim. Mas Jesus era sábio demais para falar de um modo tão simplório. Creio que exista um significado ainda mais esotérico (oculto) nessa sentença. Afinal, podemos nos questionar: sabendo que Deus é uma força imanente em toda a criação, há algum modo de amar a Deus sem amar a vida de uma forma geral? Se tudo está conectado e se tudo corresponde a uma mesma realidade, como podemos amar a Deus sem amar a vida ou amar a vida sem amar a Deus? Ou então, existe a possibilidade de amarmos o próximo sem amar a si mesmo ou de amar a si mesmo sem amar o próximo? Alguns diriam que sim, mas convenhamos aí se trata de um produto do ego e esse “amor” um dia acabará com a mesma facilidade com que começou.
Jesus conhecia a vida em toda a sua profundidade e abrangência, ele sabia que se estimulassem as pessoas a amar a Deus e ao próximo como a si mesmo, não sobraria nada que não fosse contemplado pelo nosso amor. E isso é perfeitamente lógico, pois só podemos alcançar esse nível de amor deixando de lado as facetas do nosso ego. É somente o ego que pode nos manter na ilusão de acharmos que possível amar uns em detrimento de outros; de que o amor só é possível sob determinadas condições.
De fato, a ignorância do homem ao longo das eras o fez criar um conjunto de normas e mandamentos devidamente fundamentado em uma noção de Leis Superiores. Mas será mesmo que todos os ditos mandamentos não são redundantes? Será que alguém que ama como os grandes mestres ensinaram será capaz de furtar, de atentar contra a vida de outrem ou de causar-lhe qualquer dano? Não me parece possível!
Creio que hoje já temos condições de absorver toda a profundidade deste grande ensinamento, que se resume simplesmente em amar. Amar pura e simplesmente pelo prazer de amar. Por que amar é o verdadeiro caminho da luz e o sentido da vida. Por que quem ama não conhece outra realidade. Eis o maior e único mandamento.
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