Um dos temas mais complexos é a educação. Foco de debates políticos e filosóficos, a educação parece ser algo que ainda não está compreendido em sua totalidade. Para muitos, educar é reprimir o negativo através da imposição do medo; outros ainda entendem que educar é acumular conhecimento e desenvolvimento da intelectualidade.
Creio que um dos pensadores que mais avançou no conceito de educação em tempos recentes foi Huberto Rohden. Para chegar a um conceito satisfatório de educação, Rohden rompeu qualquer limitação acadêmica ou religiosa e sugeriu uma educação em níveis transpessoais. Para isso, Rohden parte do pressuposto que o homem é um ser racional e espiritual ao mesmo tempo, portanto, a falha dos sistemas de educação é que eles visam apenas o lado racional do homem, esquecendo do espiritual.
Rohden ainda vai além e sugere que uma educação completa deve partir do pólo espiritual para o racional de cada indivíduo. Isso sugere que cada ser humano já contém em si o "gérmen" das virtudes divinas, bastando apenas oferecer as condições para que elas floresçam e preencham o ego-racional do indivíduo. Este é o conceito de eduzir, ou seja, extrair as potencialidades inatas em cada indivíduo.
A primeira questão que nos salta à mente é: como fazer isso? Impondo a leitura de escrituras sagradas? Catequese? Batismo? A experiência nos mostra que essas tentativas têm sido frustradas. E o problema é bastante óbvio: é que aqueles que "ensinam" também não realizaram em si a autoeducação, logo, não conhecem o gérmen divino que existe em sua própria consciência. Em termos simples, estes indivíduos aprenderam pelo ego, estão ensinando pelo ego e, consequentemente, formando outros egos. É por esse motivo que a instrução, partindo de um indivíduo comum, exerce pouco ou nenhum efeito em outros indivíduos - é que nós ainda não somos aquilo que pretendemos que o outro seja. É uma questão de magnetismo; nossas palavras entram na mente de outras pessoas, mas não exercem nenhum efeito sobre as mesmas.
Por isso, Rohden sugere que a solução está na autoeducação, ou seja, educarmos, extrairmos de nossa própria natureza divina todas as virtudes que pudermos, para que possamos realizar tais virtudes em nosso ser e, somente assim podemos indicar o caminho aos demais, caso contrário, seríamos "cegos guiando outros cegos".
Nossa preocupação em instruir os jovens é perfeitamente legítima e o conceito de Rohden não invalida nossos esforços na alo-educação - educar outrem de "fora para dentro". Mas mediante esse notável avanço no conceito de educação, creio que fica explícito que para termos sucesso na alo-educação, devemos prioritariamente dar foco à nossa autoeducação. Então não agiremos como ditadores, mas como sábios mestres que sabem exatamente como orientar sem reprimir, sem condenar, nem castigar, tampouco obrigar. Entendo que ninguém deve educar-se por medo, mas pelo prazer que a autorrealização espiritual promove no ser humano.
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