Em meus dois últimos textos, escrevi sobre Áries e Leão. Agora, fecho a tríade dos signos de Fogo com o Centauro ou, como é mais conhecido, Sagitário.
Conforme destacado no texto sobre Leão, o elemento Fogo está associado ao espírito da força criativa que modifica o mundo. No entanto, propositalmente, omiti naquele texto que o elemento Fogo também se liga à espiritualidade. Sim, criatividade e espiritualidade estão no mesmo balaio astrológico.
A faceta espiritual do Fogo vem mais fortemente simbolizada no signo de Sagitário, cujo regente é Júpiter.
Na mitologia, Júpiter, ou Zeus, é o maior dos deuses e tido como o Deus protetor e criador das regras morais.
Assim, em Sagitário, estamos no estágio em que o homem, em sua natureza fogosa, já aprendeu a lutar por sua sobrevivência (Áries), já aprendeu a expressar a sua individualidade em bases sólidas e autoconfiantes (Leão) e agora precisa se expandir, encontrando algo maior do que ele próprio (Sagitário).
Dito de outra forma, solidificadas as bases do ser, o homem agora precisa crescer em conhecimento, ampliar seus horizontes e encontrar propósito em sua vida.
É assim que o Centauro, com seu corpo de cavalo e cabeça humana, ensina que precisamos transcender de nossa natureza animal para uma natureza verdadeiramente humana, mirando horizontes longínquos simbolizados pela flecha apontada para o alto.
Sagitário e Júpiter estão associados aos estudos superiores e à filosofia, demonstrando que a última etapa da nossa natureza de Fogo, criativa e espiritual, se completa com o conhecimento. Aqui já não se trata mais de autoconhecimento, mas de aprender as regras da vida, do Universo.
A busca por informação de qualidade e aprofundada é o pilar para que os instintos selvagens de egoísmo, lascívia, violência, paixão, egoísmo e domínio sejam varridos e substituídos por uma postura moral e por ideais de justiça, os quais possam trazer liberdade e propósito à vida.
Portanto, Sagitário ensina que todo ser humano precisa de uma filosofia de vida na qual se pautar, a fim de que lhe seja possível imprimir propósito à sua existência, para que o sofrimento possa ser superado pela alegria e jovialidade.
Não se trata aqui de conhecimento meramente científico, pois o espírito do Fogo precisa imprimir sua identidade em tudo. Daí que estamos no domínio dos conceitos de moral e justiça e, portanto, do Direito e da religião. Mas lembre-se, a filosofia por trás dessa moral e justiça não deve ser, nos ensina a Astrologia, os desejos instintivos e egoístas, mas um elevado conhecimento intelectual e filosófico.
Nossa existência humana é guiada por conceitos de moral e justiça que variam ao longo da história, conforme nosso conhecimento e cultura vão se aprimorando. Isso deriva da capacidade do homem de aprender com os seus erros, a partir da combinação de conhecimento intelectual associado à experiência. O resultado dessa equação é a mudança de paradigmas de ética, moral e justiça, que nada mais são do que as leis que regem a nossa convivência.
Essas leis terminam por ser impressas em códigos jurídicos e religiosos e ambos são concretizações do nosso lado sagitariano de transformar uma filosofia (que se optou por adotar) em conceitos codificados em regras imperativas/cogentes, com o objetivo de ordenar o mundo.
Nosso lado sagitariano precisa encontrar algo maior do que o self para se guiar, e isso vem por meio do Direito e da religião. Não há propósito sem as regras humanas nem sem a fé divina.
Tanto um como o outro traduzem nossa necessidade de encontrar ordem no Universo, uma razão para o que nos acontece em vida e um norte no qual nos pautarmos.
É preciso um Deus benevolente e uma ordem jurídica justa afim de que a existência tenha algum sentido.
É a partir da solidez dessa base que Sagitário simboliza a boa sorte. Afinal, um universo regrado (por Deus e pelo homem) e uma vida com propósito nos dão a confiança no futuro que permite nos imbuir do otimismo necessário à manifestação da intuição, fazendo com que possamos tomar decisões sábias e produzir nossa sorte. Sem essa solidez de espírito, nossas decisões seriam pautadas pelo medo e, consequentemente, arriscaríamos pouco ou quase nada, fechando as portas para a “sorte”.
Se em Leão o homem aprendeu que a sua personalidade é o seu destino, em Sagitário a alma humana aprende que a sorte deriva da fé na vida, isto é, da confiança no universo que possibilita a assunção de riscos, a partir de decisões intuitivas.
Mas seriam essas decisões meramente intuitivas? Claro que não. Oposto a Sagitário está Gêmeos, mais um signo de ar. O mercurial Gêmeos é o sabe-tudo, especialista em nada, que observa o mundo ao seu redor e utiliza seu conhecimento de maneira racional e prática. Combinando esse espírito com o conhecimento filosófico de Sagitário e a sua capacidade de extrair significado, juntamente com a capacidade do Fogo de ouvir a voz interna, temos a intuição. Segui-la ou não depende da fé.
A partir daí, chegamos ao último estágio do Fogo: a liberdade.
Nossa busca eterna por liberdade, somente se pode ter sucesso depois que todos os estágios do Fogo forem devidamente conquistados: sobrevivência (Áries); autoexpressão e amor-próprio (Leão); propósito de vida, ordem no Universo e fé (Sagitário).
A partir de uma capacidade de competição saudável, amor próprio e fé na vida, exercidos num mundo ordenado por conceitos de justiça e moral, podemos ser livres. Caso contrário, estaremos sempre presos aos medos, inseguranças e desejos de aplauso e domínio.
Contudo, se não entendermos que nossa expansão e liberdade têm limites, a vida se torna um caos e tomam espaço não a moral e a justiça, mas as atitudes de domínio e opressão que acabam por nos tolher justamente em nossas necessidades mais primárias: as representadas pela tríade do Fogo.
Portanto, é de suma importância que saibamos utilizar bem a simbologia trazida pelo signo de Sagitário, em especial nesta época em que Saturno (o planeta do carma e das cobranças de atitudes concretamente positivas) passa pelo citado signo do Zodíaco, cobrando da humanidade em termos bem concretos e visíveis maturidade para lidar com todas as questões acima tratadas. Isto é, estamos tendo a chance de perceber a necessidade de sermos mais humanos.
Esses limites somente podem ser compreendidos a partir da compreensão da simbologia da tríade do elemento Terra (Touro, Virgem e Capricórnio), sobre a qual falarei nos próximos três artigos.
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