Dor é perda. Toda perda é uma dor. As dores são as mesmas, mas as pessoas são diferentes. Cada um reage de forma singular a uma perda e uma dor.
Dor de luto. O desafio é aprender a conviver com perdas e dores. A vida é constituída de perdas e dores. O auto entendimento e autoconhecimento são fundamentais para apaziguar as perdas e dores.
Luto - Processo normal
Desligamento do mundo externo: ele não tem mais graça nenhuma... nada chama a atenção.
Desânimo: uma vontade de se afastar de toda e qualquer atividade corriqueira... nada tem muito sentido.
Perda da capacidade de amar: como se, na adoção de "novos amores", se estivesse "substituindo" aquele que se foi...
Este tipo de dor tem um tempo determinado, entre um ou dois anos.
Cito Freud: "Em que consiste, portanto, o trabalho que o luto realiza? O teste da realidade revelou que o objeto amado não existe mais, passando a exigir que toda a libido seja retirada de suas ligações com aquele objeto". O que, em outras palavras, como certa vez ouvi de alguém: o luto é uma gestação ao contrário. É necessário em um primeiro momento aceitar a perda, e então elaborar isto. E aos poucos, deixar de investir emocionalmente nesta pessoa.
Reações físicas: vazio no estômago, aperto no peito, nó na garganta, hipersensibilidade ao barulho, falta de ar, falta de energia e boca seca.
Sensação de despersonalização: “eu caminho pela rua e nada me parece real inclusive eu.”
Comportamentos de quem vive um luto: distúrbio de sono, distúrbio do apetite, comportamento “aéreo”, tendendo a esquecer as coisas, isolamento social, sonhos com a pessoa que faleceu, evitando coisas que lembrem a pessoa que faleceu, procurando e chamando pela pessoa, suspiros, hiperatividade, choro, visitando lugares ou carregando objetos que lembram a pessoa que faleceu, guardar objetos preciosos que pertenciam à pessoa perdida.
Melancolia – Doença
Consiste em uma perda de natureza do ideal, não aceitar que existe perdas/dores/lutos. O objeto pode ter morrido ou ter sido perdido enquanto objeto de amor. Não fica claro o que foi perdido, o próprio paciente não percebe o que perdeu. Está relacionada a uma perda objetal inconsciente. O ego se torna pobre e vazio: desprovido de valor, incapaz de qualquer realização e moralmente desprezível, desânimo profundo, perda de interesse pelo mundo externo, perda da capacidade de amar, inibição de toda e qualquer atividade, diminuição dos sentimentos de autoestima, auto recriminação, expectativa delirante de punição, estende sua autocrítica até o passado, declarando que nunca foi melhor, temor da pobreza e afirmação de que vai ficar pobre.
A melancolia, diferente do luto, não tem tempo para acabar. É uma dor constante e ininterrupta.
E no caso de uma perda, de uma separação, o que ocorre? Há uma série de reações que são normais diante de qualquer perda que sofremos. A este conjunto de reações podemos chamar processo de enlutamento:
Choque: é o abalo , o desespero e atordoamento, entorpecimento, confusão que nos acomete ao receber uma notícia de perda. Daí podemos reagir com apatia ou com agitação.
Negação: é a descrença na notícia ou no fato. A pessoa não acredita no que aconteceu. Trata-se, aqui, de uma defesa psicológica para fortalecimento da pessoa para ela poder dar continuidade.
Ambivalência: é a dúvida que a pessoa fica entre a aceitação e a não aceitação da notícia ou do fato.
Revolta: aqui a pessoa já acreditou na notícia ou no fato e fica revoltada com a situação, com as pessoas e até mesmo com Deus.
Barganha: é uma tentativa de conseguir de volta aquilo que foi perdido. Geralmente esta reação é dirigida a Deus.
Depressão: é uma profunda tristeza, que varia de acordo com o tipo e intensidade de apego que a gente tem com a pessoa ou situação de perda.
Aceitação e Adaptação: é quando a pessoa percebe que não tem mais jeito, que ocorreu mesmo a perda e a vida precisa continuar.
Diferença entre Saudade e Lembrança
Saudade é falta e, em excesso, pode trazer a melancolia.
Saudade é uma das palavras mais presentes na poesia de amor da língua portuguesa e também na música popular. "Saudade", só conhecida em galego e português, descreve a mistura dos sentimentos de perda, falta, distância e amor. A palavra vem do latim "solitas, solitatis", que significa solidão. Segundo o dicionário: lembrança é o aquietar da alma e o retorno “pacificado” ao que viveu com a pessoa/perda.
Já a lembrança, segundo o dicionário, é o ato ou efeito de lembrar algo presente na memória ou a própria memória, sugestão, presente, brinde, algo que subsiste e exemplifica testemunhando um fato ocorrido, ideia de realizar algo, algum artifício para ajudar a memória e recordação.
Melanie Klein diz que "o indivíduo de luto obtém um grande alívio ao recordar a bondade e as boas qualidades da pessoa que acaba de perder. Isso se deve em parte ao conforto que sente ao manter seu objeto amado temporariamente idealizado."
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