Os apelos estão por aí, pelos cantos, quietos, parecendo distantes. Na maioria das vezes, nem percebemos sua chegada. Navegam em barcos discretos e nem os vemos, porque não conhecemos nem um correr de rios que passe por perto de nossa morada.
No entanto, como num passe de mágica, eles se instalam em nossa morada, destemidos, defensivos e, ao mesmo tempo, persuasivos em seus próprios chamamentos.
É aí que nós nos escravizamos com o dever de ter e esquecemos de ser. Atualmente, o relacionamento familiar esquece dos apelos de seus constituintes, enquanto aplaude as conquistas suas e, às vezes, do outro.
Então, o que somos perde por completo, a razão, o sentimento por si e pelo outro porque passa a torcer e distorcer seus momentos incondicionais de felicidade para ter em mãos a propriedade.
Ergue seu ter para o alto e varre seus entes queridos para um lixo sórdido, capaz de esquecer-se deles. São pais, são filhos, são amigos. Eram tudo isso para tornarem-se, apenas, conquistadores baratos de coisas tão caras.
Um dia desses, a televisão apresentou um rapaz que deixou os estudos e sua vida pessoal para cuidar de sua avó doente. É claro: virou notícia.
Fazer pelo outro passou a ser coisa de gente diferente, que não pertence à sociedade convicta de que o certo é fazer o que ela acha que deve ser feito: ignorar. Afinal, tudo está certo, desde que não sejamos perturbados em nossas conquistas.
Ainda, e em todos os tempos, olhar nos olhos, sentir as mãos que acariciam, falar e também ouvir, pedir e se humilhar são atitudes essenciais para se viver com dignidade.
Atenção! Os apelos estão por aí envoltos em tecnologias cada vez mais sedutoras. A ordem de importância, cada um é quem deve saber organizar. Em primeiro lugar sempre... o amor.
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