Quando se fala em paixão, os amantes a definem como um sentimento muito mais intenso do que o amor, mais ardente e prolongado, que dói e nos faz sofrer mais, pois não nos libertamos facilmente de suas amarras que chegam a nos confundir com o próprio ódio.
Os apaixonados veem o céu como o mais digno de seus olhos por mostrarem aos que sabem ver a beleza maior do momento, onde tudo se eterniza e jamais se esvai de nossa mente, por mais que se tente e o tempo passe. Lembram da voz, das mãos suaves e firmes, dos passos decididos em busca do objetivo, do olhar cansado depois do trabalho, do sono pesado diante da televisão à frente, do paladar exigente.
No entanto, deixar que a submissão seja a oferta e o meio da conquista para se obter o sucesso no relacionamento é tornar-se ignorante perante a própria inteligência. Fica claro que a submissão é a escassez da autoestima e, sem ela, não se cresce, nem se conquista nenhum degrau a mais na reta da felicidade. E a tal da felicidade nunca chega, nem esbarra perto de nós, porque nos rebaixamos a tal ponto diante do outro, que passamos a não ser mais quem éramos e nos perdemos de quem deveríamos ser: somente nós. E tudo porque o outro gosta, o outro precisa, admira, quer, exige e passa a ser feliz. Quem? O outro! Seja ele o filho, o marido, a mãe, o vizinho, o cachorro, o meu ídolo.
Enquanto continuarmos transferindo nossos espaços percorridos e sonhos ardentes em sentidas e tristes quimeras, seremos meros fantoches de nós, humilhados e submissos daquele outro que um dia poderemos odiar pela falta de reciprocidade que quisemos impor e propor para o nossos destino. É só mais uma mentira que manipulamos para que se transformasse em verdade, mas que nunca acontecerá de fato.
A paixão pelo brilho das estrelas deverá ser mais uma luz a nos guiar para o equilíbrio, para o prazer que a vida nos propõe e dispõe em pequenos cofres que exalam perfumes sutis e contém preciosas heranças adquiridas com muito trabalho e dedicação. As chaves estarão em nossas mãos. É só querer abrir, usufruir do inebriável, sorrir e deixar a paixão medida acontecer.
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