Um dos grandes desafios de nossa vida é lidar com a perda de alguém. A morte é algo trágico para a filosofia, pois temos a condição de pensarmos na eternidade, mas, contraditoriamente, temos um corpo de carbono, finito, que possui um prazo para se esvair. A morte de um ser querido para nós é algo que nos coloca em contato com essa verdade cruel. Contudo, essa visão da morte precisa ser ampliada, pois a compreensão nos auxilia a lidar com o momento de olharmos para a morte.
Ampliando a visão sobre a morte
A morte não é o fim, pois o fim se tem por convicção de que a pessoa termina, de que deixa de existir. Entretanto, tanto a ciência quanto a religião nos falam que os seres quando morrem não deixam de existir. Para a ciência há uma transformação, uma mudança. O ser não desaparece, ele se modifica no final de sua vida. Para a religião, depende de qual falamos, mas para nenhuma há uma finitude. Afinal, se a mente contempla o infinito, nossa alma também pode alcançá-lo.
O sofrimento com a morte é a noção de que o ser que perdemos desapareceu. Mas esse ser ainda habita em nossa memória. Se pararmos para sentir, para ouvir, veremos que as coisas se conectam, que estamos todos interligados de alguma forma. Não podemos existir sem os rios, sem as árvores e sem o céu. Existimos nessa forma conjunta. Assim, quando uma pessoa falece, ela não está fora dessa conexão. Ela apenas passou a existir de outra maneira dentro dessa conexão.
O luto
Para a psicanálise, o luto é quando a libido, a energia nossa que está depositada no outro, passa a ser investida em nós mesmos. Na perda do ente querido ficamos mais retraídos e temos que lidar com essa energia. É como se todo o nosso amor se voltasse para nós. Podemos ver isso como o apego que tínhamos com essa pessoa. O não soltar e deixar ir.
No momento em que a pessoa falece, sua existência se modificou. Será que a pessoa que amávamos tanto gostaria de nos ver tristes com sua partida? Não sofrer é impossível, pois sempre sentiremos a perda. Contudo, não precisamos carregar esse sofrimento para sempre. Precisamos superar isso. Entender que a morte é uma etapa da vida e ver que cada momento que passamos com as pessoas é importante. Tão importante quanto se fosse o último, pois um dia será.
A vida é rápida, como um sonho. Precisamos aproveitar cada instante com as pessoas e relevar suas dificuldades. Aqueles que partiram nos deixam essa importante lição. Por isso, aproveite e viva o momento que possui, dê significado à sua vida e leve esse significado à vida das outras pessoas para que quando esse tempo acabar você possa entender que os momentos que viveu foram cheios de significado e sentido.
A perda de uma pessoa querida nos produz sofrimento, mas precisamos lidar com esse sofrimento ampliando nossa visão de que a morte não é o final, mas a transmigração para uma outra forma de existir.
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