Uma delicada situação que todos nós em algum momento da vida enfrentamos. E eu decidi falar sobre esse assunto logo no começo do ano, porque se queremos um 2017 feliz e com uma energia mais positiva é necessário que aprendamos a lidar com as “perdas”. Claro que nós, no ego, não queremos perder nada. Nosso cérebro reptiliano é naturalmente dominador porque está ligado à parte instintiva do nosso ser.
Queremos ter cada vez mais de tudo, jamais perder. No entanto, a vida nos mostra através das experiências que as coisas não são bem assim. Perder ou pelo menos aquilo que chamamos de “perda” faz parte da nossa vida. Porque eu percebo que muito do sofrimento nisso vem justamente da crença na perda.
E eu pergunto aqui: Será que perdemos mesmo? Ou será que as ditas “perdas” são apenas ciclos que se fecham, mudanças, afastamento natural de pessoas ou situações? Eu acredito que seja mais a segunda opção.
Quando um ente querido desencarna, principalmente se for alguém de nosso convívio diário e de quem gostamos muito, dói bastante. A separação é difícil. Porque o apego nos faz sofrer. Mas é natural da vida humana sofrer a saudade que o desencarne de alguém (ou animal) amado deixa na gente. Porém, o meu foco aqui é na ideia da perda. É nisso que precisamos trabalhar.
A grande verdade é que só perdemos aquilo que não é nosso. O que é nosso nunca se vai. E o que é nosso? Nós, nossos sentimentos, nossos sonhos. Nada disso perdemos, as coisas na gente se transformam, mas nunca se perdem.
Contudo, tudo o que está fora não nos pertence, sejam pessoas, coisas, circunstâncias e trabalhos. Essas coisas vêm e vão, participam da nossa história, mas têm um início e um fim de interação conosco.
Porque a vida se recicla e se renova sem parar. Nada pode permanecer o mesmo para sempre. O sofrimento maior brota aí, quando tentamos segurar as coisas e pessoas por tempo indefinido. O nome disso é apego. Amar é bom, trocar é maravilhoso, cultivar relações é fabuloso, mas com desprendimento. A separação de alguém ou o fim de algum ciclo por si só já é uma tarefa desafiadora para todos nós. Agora, com o nosso apego em cima, fica bem mais complicado deixar ir o que tiver que ir.
Pois querendo ou não, uma hora vai embora. Seja quem for e o que for, sairá da nossa vida uma hora. Ou pelo menos não será mais como agora é. Por isso, a gente pode se ajudar no processo de uma perda, trabalhando o desapego antes que ela dê as caras. Isso fará a dor ser menor, assim como ajudará bastante no processo de tocar a vida para frente.
E mesmo se a “perda” já bateu à sua porta, é possível minimizar esse sofrimento. O caminho mais funcional para isso é a aceitação, o adeus. Saber dizer adeus não é pôr fim a um bom sentimento ou experiência, mas sim, deixar ir ou se transformar em algo diferente.
Dizer adeus a um ente que já partiu desta vida não é desistir de amá-lo, mas entender que a etapa dele terminou aqui nesse plano. Mas a vida continua e um dia o reencontro certamente acontecerá. Dizer adeus a uma experiência de vida, uma relação, um trabalho, um lugar, também não é invalidar e desconsiderar tudo o que se viveu, mas saber que embora tenha sido ótimo, acaba, passa e muda.
É preciso aceitar. Aceitar é sofrer menos. Aceitar é ser humilde. E quem é humilde guarda o que é bom de tudo o que findou e se mantém aberto ao novo que sempre vem.
Que o Amor nos cure!
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