Quando pensei em escrever esse artigo, lembrei de mim há algum tempo atrás e também me lembrei de mim hoje. Voltei ao agora e comecei a pensar em como criamos uma dicotomia sobre quem nós somos e como nós somos.
"Todo pensamento negativo tem sua origem em uma necessidade de proteção, de autoafirmação"
Não sou uma pessoa riquíssima, na verdade sou uma pessoa de classe média, comum, normal, uma pessoa do dia a dia. Eu pensava antes que deveria me envergonhar do que tinha, porque existiam pessoas que com a minha idade haviam conquistado muito mais. Acreditava, piamente, que deveria me empenhar para ter o máximo de status e dinheiro que podia, mas quando aparecia alguém que realmente tinha posses sentia inveja e até mesmo culpa por me sentir menos inteligente que aquela pessoa, por ter conquistado menos.
Claro que na época eu não entendia esses sentimentos, eu achava a pessoa prepotente, que o dinheiro havia transformado ela em uma pessoa arrogante e ostensiva. Mal sabia eu que a projeção acontecia em meu interior. Na verdade esses sentimentos eram meus. Estavam enjaulados em meu interior, apenas esperando o momento para serem espelhados no outro, para serem projetados.
Somente os libertando entendi que devemos sublimá-los. Não deixar esses sentimentos nos sufocar, mas sim compreender a origem deles. Entender que todo pensamento negativo tem sua origem em uma necessidade de proteção, de autoafirmação, de negação de nossa dura realidade, é praticamente obrigatório para podermos ter uma vida plena. É necessário encararmos nossos próprios demônios e aceitarmos que temos um lado que não é tão belo, mas faz parte de nossa existência.
Não estou dizendo aqui que o dinheiro não é importante. Na verdade ele é extremamente importante e todos nós sabemos disso. Porém se não conseguimos alcançar o desejado, devemos trabalhar para atingi-lo sem nos culpar ou usar os sentimentos negativos erroneamente. A compreensão desses sentimentos ocultos, arquivados em nosso interior, é que nos revelarão como nos sentimos verdadeiramente.
Quando encaramos esses demônios com transparência e aceitação, entendemos os motivos deles existirem, de estarem dentro de nós. Podemos então dizer que não precisam mais estar ali, que não é mais necessário sentir inveja, ódio, mágoas, ressentimentos. Não existe necessidade, porque agora eu me aceito como sou e não me culpo por não ter conseguido o que a sociedade ou outras pessoas esperavam. Fiz o meu melhor com as oportunidades que recebi e sou grato por tudo que o universo me trouxe. Sou feliz com as coisas que ganhei e conquistei. Posso conquistar muito mais se assim desejar, porém não irei me culpar caso não consiga e falhe. Isso porque sou um ser humano, comum, normal, uma pessoa do dia a dia. E seres humanos cometem falhas, assim como você, assim como eu...
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