Quíron não é um elemento tão divulgado quanto signo solar, Ascendente ou Lua, mas exerce um papel de extrema relevância em nossa vida. Isso porque ele chama atenção para as nossas feridas mais profundas, pedindo atenção redobrada nas áreas que ele influencia quando interage com signos e casas, por exemplo.
E é esse o tema da coletânea que montamos. Aqui falaremos sobre Quíron na Casa 11.
A Casa 11 é onde lidamos com a coletividade, o senso de participação, partilhamento e retribuição. Quando Quíron está posicionado nela, fala sobre isolamentos dolorosos e problemas com regras e autoridades. Entender essa configuração ajuda a resgatarmos nossa autoconexão e senso de pertencimento.
Continue lendo para compreender melhor tudo sobre essa associação e os desafios que ela impõe. Vamos trazer também a história de Quíron e o que ele representa para a Astrologia, bem como explicar os principais temas da penúltima casa. Prepare-se para uma jornada de autoconhecimento e cura!
Você encontrará nesse artigo:
Quíron no Mapa Astral
No Mapa Astral, Quíron simboliza as vivências de sofrimento que estruturam nossa personalidade. Nessa experiência, ele afeta questões extremamente sensíveis, podendo trazer à tona vários traumas do passado, com os quais precisamos fazer as pazes.
Ainda que esteja relacionado com angústias e feridas, é por meio delas que ele traz a chance de alcançarmos nosso equilíbrio emocional e evolução como indivíduos. Mesmo machucado, ele clama por empatia, em vez de ressentimento e punição.
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Ele vem para nos conscientizar dessas feridas, para encontrarmos a cura e a libertação.
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As dores referentes a Quíron variam conforme o signo e a casa em que ele está posicionado. As mais comuns são as feridas espirituais, as feridas de vidas passadas (os “legados” de outras vivências), as feridas físicas e as feridas emocionais e psicológicas.
Ele é como um médico, que nos ajuda a tratar a dor, e um professor, ensinando-nos que, se não nos dermos a devida atenção a ela, os prejuízos poderão ser irreversíveis. Então, é mandatório acessar essa ferida, para entender como tratá-la e curá-la, permitindo que ela cicatrize corretamente.
O conto de Quíron
Na Astronomia, Quíron pertence à classe dos centauros – corpos menores do Sistema Solar com órbita irregular cruzando a órbita dos planetas gigantes.
Foi descoberto em 1977 por Charles Kowal, e seu nome se dá graças a seu homônimo, o centauro mais conhecido da mitologia grega.
Filho da oceânida Filira e do deus Cronos, Quíron foi rejeitado e abandonado pela mãe, por causa da sua aparência grotesca e por ter nascido de um adultério. Ela também temia que ele se tornasse um ser brutal, como a maioria dos centauros.
Entretanto, diferentemente de seus iguais, ele era civilizado e bondoso. Tocados por sua nobreza, Apolo e Ártemis o adotaram e lhe passaram uma série de conhecimentos (lei, ética, caça e guerra, medicina, entre outros). Quíron tornou-se mentor de vários heróis, como Ajax, Hércules e Esculápio.
É tido como o “curador ferido” devido a um episódio em que foi acidentalmente atingido por uma flecha envenenada com o sangue da Hidra de Lerna. O veneno era incurável, portanto não havia nada que Quíron pudesse fazer para se curar. Por ser imortal, teve de carregar essa ferida dolorosa por anos.
A dor era tão lancinante que ele esperava morrer um dia (embora não fosse possível), já que nenhuma solução era eficaz. Até que um dia, veio a sua chance de encontrar alívio, graças à história de Prometeu, condenado por roubar o fogo dos deuses.
Solidário a Prometeu, Hércules pediu a Zeus pela extinção do castigo. Mas soube pelo deus que só poderia salvar o titã se desse sua vida em troca. Ao saber disso, Quíron ofereceu a própria imortalidade, salvando os dois e, com isso, libertando-se da própria dor.
Esse ato nobre de Quíron em sacrificar a própria vida pelo bem do outro levou Zeus a homenageá-lo, colocando-o no céu como a constelação de Centauro (em certas fontes, Sagitário).
A Casa 11 na Astrologia
Essa é uma das quatro casas sucedentes – aquelas que regem nosso desenvolvimento pessoal. Seu foco está na coletividade e no nosso senso de consciência social. Aqui o “eu” dá lugar ao “nós”.
Essa casa dá conta das amizades, filhos e o grande público. Também fala dos nossos sonhos, anseios e aspirações, dos ideais humanitários e do compartilhamento de ideias.
Mostra como nos comportamos em grupo, como adequamos nossos interesses aos da comunidade como um todo. Sendo assim, também rege como fazemos amigos e a qualidade de nossas interações.
Confira o significado de Quíron em Sagitário
A função dessa casa é pensar no todo, na humanidade de uma forma integral e integrada. É onde buscamos na identidade e na diversidade algo em comum com o outro.
É aqui que se concretizam temas como voluntariado e o desejo de construir um legado para as próximas gerações e fazer deste um mundo melhor.
A depender das configurações dessa casa, sabemos o que nos atrai em uma amizade, quais recursos empregamos para estruturar esse tipo de relação ou como lançamos mão de ações que visem o bem-estar coletivo.
O que significa Quíron na Casa 11?
Na Casa 11, Quíron expõe a dor de ter que lidar com regras de convívio social, ao mesmo tempo que revela problemas em impor a própria identidade e um desequilíbrio em impor limite sobre as pressões sociais (talvez até mesmo se deixando oprimir por elas).
Pode haver aqui também o medo de estar em meio a multidões ou, opostamente, o desejo desenfreado de participar compulsivamente de grupos e associações, para compensar esse medo de estar sozinho.
Isso pode enfraquecer a sensação de pertencimento, que encontra dificuldades para se estabelecer. O resultado é a dificuldade em se relacionar com os outros, especialmente com quem pensa diferente. Como a décima primeira casa é um lugar de respeito às diferenças, isso pode trazer sofrimento e isolamento.
A pessoa com essa configuração é uma excelente conselheira, inovadora quando se trata de ajudar, porque, fazendo isso, percebe que mantém o controle sobre situações do passado que geraram feridas de rejeição e sentimento de inadequação.
Mas esse “fantasma” é uma ameaça, pois ela ainda sente que pode ser rejeitada e diminuída. E daí é que vem o medo de estar em coletividade ou – quando já está inserida em um grupo – a sensação de que suas propostas e opiniões serão ridicularizadas e que sua colaboração é dispensável.
Esse bloqueio pode impedi-la de contribuir para o mundo. Ainda, ela “segue a boiada”, fazendo contribuições infrutíferas, “chovendo no molhado” – ou seja, não tendo nenhuma efetividade na mudança, nem a criatividade e o poder de renovação que a Casa 11 evoca.
Disso, resultam desgastes e sofrimentos emocionais severos, e é para eles que Quíron aponta. Mas ele também pede atenção ao corpo físico, sobretudo para a saúde dos tendões e da circulação periférica.
Quais são os desafios desse posicionamento?
O grande desafio de Quíron, em qualquer posicionamento, é aprender a resolver os traumas do passado, que se tornaram feridas abertas que ainda doem quando tocamos nelas. Na Casa 11, o intuito é curar a nossa interação com o todo, fazendo com que não mais nos isolemos da teia social.
Isso porque a construção de uma sociedade melhor e mais justa começa por nós mesmos. Pela consciência da nossa importância como indivíduos que somam, que essa é uma casa que não fala dos fatores de uma equação, mas sim do produto dela.
Ao nos conectarmos com nossa dor, passamos a decifrar seus mecanismos e a entendê-la em sua essência. Dessa forma, quem nasceu com esse posicionamento precisa acolher a dor, em vez de rejeitá-la, porque senão estará rejeitando a si mesma. Esse é o primeiro passo de uma longa jornada de cura.
Ela deve entender as causas do sofrimento, por que se sente rejeitada, desacolhida e desamparada. Para isso, precisa mergulhar nos próprios traumas – tarefa difícil, porém necessária.
A psicoterapia pode ajudar, e muito, nessa missão. Ela precisa lidar com um passado mal resolvido para cicatrizar esse machucado e seguir em frente.
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Além do mais, é na terapia que ela também terá a oportunidade de flexibilizar as ideias (por vezes radicais e teimosas), para poder enxergar o outro e estar aberta ao que é diferente, novo e fora do seu circuito, abrindo brechas saudáveis entre as tão amarradas tramas de seus pontos de vista.
Como essa é uma casa de associações e ambientes comunitários, uma ótima opção é fazer terapia em grupo, dividindo experiências com quem tem as mesmas dores. Participar de agremiações e outros grupos que visem apoio mútuo também é válido. Vale a máxima aqui de que “juntos, somos mais fortes”.
Como sempre é pedido de Quíron: o cuidado com a mente é o cuidado com o corpo. É uma relação cíclica: um corpo saudável leva a uma mente saudável, e vice-versa. Portanto, além do emocional, é preciso cuidar do físico: boa alimentação, exercícios físicos, beber água, dormir bem, praticar hobbies...
Quíron, na mitologia, era solidário, bondoso e sempre olhava para o outro, despindo-se do ego e focando o bem-estar coletivo. Seus muitos discípulos são parte do legado que ele deixou para seu mundo.
Parte de sua história tem tudo a ver com os temas da Casa 11. E é sob a inspiração de sua empatia que devemos lançar esse olhar generoso não só para o outro, como também para nós e nossas dores, acolhendo a angústia e buscando uma cura digna.
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