Quíron na Casa 4: traumas e relacionamentos

No Mapa Astral, Quíron representa as feridas praticamente incuráveis em nossa vida. Quando está posicionado em um signo ou casa, traz à tona as fragilidades emocionais nas áreas regidas por cada um deles. É um elemento crucial na análise de nossa personalidade. E, por isso, fizemos uma coletânea sobre as associações estabelecidas com ele. Aqui, vamos focar em Quíron na Casa 4.

Você encontrará neste artigo:

A Casa 4 é onde estão nossas raízes, nossa hereditariedade. Quíron posicionado nela expõe todas as dores associadas à vida familiar, sobretudo no tocante à segurança e ao acolhimento. Desvendar esse posicionamento promove a conscientização sobre a necessidade de equilibrar a relação com os pais e com nosso próprio eu.

Continue lendo para saber mais. Aqui vamos abordar a história de Quíron e seu papel na Astrologia, as áreas regidas pela quarta casa, assim como os efeitos dessa associação e os desafios que precisam ser vencidos para que a cura aconteça. Surpreenda-se!

Quíron no Mapa Astral

No Mapa Astral, Quíron representa as nossas vulnerabilidades mais profundas e as vivências de sofrimento que estruturam nossa identidade. Mas ele também permite, por meio dessa dor, a oportunidade de nos transformarmos e alcançarmos o equilíbrio e a paz de espírito, seguindo, assim, por um caminho de desenvolvimento e evolução.

Nesse processo, Quíron pede atenção para o que provoca o sofrimento. E, ainda que ferido, ele evoca nossa empatia e autoperdão, em busca de nos acolher e permitir que nos enxerguemos com mais generosidade. Somente dessa forma é possível cicatrizar as feridas e zelar pelo próprio bem-estar.

As dores associadas a Quíron variam conforme o signo e a casa em que ele estiver posicionado. As mais comuns são as feridas espirituais, as feridas de vidas passadas (aquelas “herdadas” de outras vivências), as feridas físicas e as feridas emocionais e psicológicas.

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Ele vem como um médico que nos ajuda a curar as dores e um professor que nos ensina que, se não olharmos para elas, perderemos nossa energia, pois os ferimentos geram desgastes enormes. Então é preciso tocar na ferida, buscar conhecimento e ferramentas que nos ajudem a amenizá-la e recuperar nossa vitalidade.

O conto de Quíron

Quíron é um corpo celeste – inicialmente classificado como asteroide, mas posteriormente considerado um cometa – descoberto em 1977 pelo astrônomo norte-americano Charles Kowal.

Ganhou esse nome em homenagem ao centauro Quíron, da mitologia grega. Mais tarde, todos os objetos da mesma classe passaram a ser considerados “centauros” – pequenos corpos do Sistema Solar que orbitam entre as órbitas dos planetas Júpiter e Netuno.

Seu inspirador, Quíron, como todos os centauros mitológicos, era um ser híbrido (metade homem, metade cavalo). Era filho da oceânida Filira e do deus Cronos. Sua mãe, envergonhada de sua aparência, abandonou-o aos pés do Monte Pélion (onde viviam os grandes mestres gregos).

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Foi encontrado pelo deus Apolo, que o educou e transmitiu todos os seus saberes. Por meio dessa instrução, Quíron desenvolveu seus próprios dons, tendo se especializado em medicina, cura pelas plantas, ciência, filosofia, ética e as artes da caça e da guerra (somente para sobrevivência). Foi mentor de diversos heróis gregos, entre eles Hércules, Aquiles e Esculápio.

A analogia com a dor incurável vem de um episódio em que ele foi acidentalmente atingido pela flecha de Apolo, envenenada com o sangue da Hidra de Lerna. O veneno não o matou, já que ele era imortal. Mas, como era incurável, infligiu-lhe uma quase eternidade de dores cruciantes.

Condenado a um sofrimento sem fim, o centauro só obteve uma solução quando Hércules negociou com Zeus sua imortalidade pela vida de Prometeu – submetido a um castigo por ter roubado o fogo dos deuses, e cuja libertação só aconteceria se um deus lhe oferecesse a própria perenidade.

E assim, libertando Prometeu do sofrimento, Quíron também se libertou do seu próprio martírio, podendo enfim repousar no reino dos mortos e se curar da profunda dor. Em homenagem a ele, Zeus o colocou no céu como a constelação de Sagitário.

A Casa 4 na Astrologia

Essa é uma das quatro casas angulares – as mais poderosas do Mapa. Ela trata das nossas raízes (familiares e culturais), referências e vida particular. É associada a nosso alicerce, ao senso de pertencimento e à estruturação de laços de afeto.

É na sua cúspide que se encontra o Fundo do Céu, ângulo do Mapa associado ao nosso passado, ao nosso sustentáculo emocional e às nossas heranças da infância.

Também se refere ao lar como um todo: questões afetivas, físicas e jurídicas – reformas, compras/vendas, decoração; mudanças, posses etc.; se nos sentimos acolhidos por nossos familiares e qual é o nosso grau de conexão emocional com eles e com o ambiente onde vivemos; e assim por diante.

A Casa 4 faz um traçado do começo ao fim da nossa existência: do lugar de onde viemos (pais, criação, referências), passando pela família que iremos construir e chegando até os últimos anos de nossa vida.

Mostra também como nossa alma é alimentada e que marcas as dinâmicas da criação familiar deixaram em nós. É essa casa que revela nosso comportamento e tomadas de decisão com base naquilo que nos afetou no passado, por parte de nossa família. E, com isso, quais serão as referências usadas para trilharmos nosso caminho.

O que significa Quíron na Casa 4?

Agora que você conhece os temas Casa 4, já tem uma base para saber como é Quíron nessa área e onde você precisa empregar suas energias empáticas com mais ênfase. Entenda melhor os desdobramentos desse posicionamento.

Na casa da ancestralidade, o curador ferido traz as dores emocionais mais profundas, ligadas à nossa infância. Podem, sobretudo, estar relacionadas com abandono (que deixa uma sensação até os dias de vida adulta), ausência (ou mesmo perda) de um dos pais.

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Na vida de quem tem esse posicionamento, os traumas do passado são como uma ferida aberta, sangrando e doendo a cada gatilho acionado. Pode ter havido negligência física ou emocional, falta de carinho; uma família que possivelmente desprezava a importância dessa pessoa.

Mãe apontando dedo para criança de castigo, encostada na parede.

Isso provavelmente gerou nela a falta de confiança para começar uma nova família e dificuldade para construir um lar agradável e seguro, por medo de não conseguir quebrar o ciclo de negligência e ausência de afeto.

O resultado disso pode ser o desejo de constituir um lar perfeito, trazendo sofrimento a quem vive nele, porque essa pessoa acaba criando um ideal irrealista e, portanto, inalcançável, em busca de uma família “indefectível” e refém de suas expectativas emocionais.

Também por essa idealização generalizada, pode ocorrer uma rigidez enorme quanto às tradições, para tentar dar corpo a uma base ancestral que não existe.

Pode também ter ocorrido um afastamento doloroso de sua terra natal, ocasião na qual tenha sido obrigada a deixar para trás toda uma história, cultura, hábitos. Toda essa vivência do passado e suas raízes também podem ter sido fonte de dor e rejeição.

Quais são os desafios desse posicionamento?

As experiências do presente que trazem à tona sentimentos e traumas do passado podem vir como um pedido de libertação. A conexão entre as lembranças e o sofrimento vivido pode ser dolorosa, mas acende a necessidade de buscar um equilíbrio na qualidade dos vínculos de afeto e na morada interior.

E esse é o chamado de Quíron, no que tange a nossa evolução e busca pela cura. E é aí que moram os desafios de quem tem esse posicionamento, já que a demanda aqui é superar as dores do passado e corrigir o sentimento de rejeição e de inadequação.

É muito comum que as pessoas com esse posicionamento encontrem refrigério se dedicando àqueles que passam pela mesma dor, que não tenham família ou lar, que tenham vivido uma experiência abusiva no passado.

Para além da cura por meio da empatia com o outro, essa pessoa deve elaborar melhor as experiências relacionadas com suas origens e seu lar (tanto o físico quanto o interior), além de buscar praticar a introspecção, o voltar para dentro de si, porque é lá que estão todos os recursos para a cura.

É preciso também buscar um caminho de (auto)perdão. Isso não significa passar por cima do sofrimento ou conviver com quem o tenha causado. Mas só o fato de perdoar, deixando ir, já ajuda. E perdoar a si mesma, entendendo que defeitos fazem parte de quem somos. Não há por que se deixar consumir sob a culpa pelos erros do passado. O grande lance aqui é aprender com eles para não repetir o ciclo.

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Para isso, uma ferramenta de grande auxílio é o Ho’oponopono – prática filosófica havaiana que promove a compaixão e o perdão, ajudando a fazer as pazes com o passado, para podermos seguir em frente.

Ajuda profissional também é vital nessa dinâmica, sobretudo por se tratar de uma casa de temas tão profundos e que constituem todo o nosso fio da vida. Buscar psicoterapia para entender melhor os mecanismos do eu interior é o começo de uma jornada de reconstrução da autoestima e da autoconfiança.

Quíron é aquele alarme tocando ao amanhecer, alertando sobre as nossas dores, mas também trazendo um despertar para que iniciemos nosso processo de cura. Ele chama atenção para áreas sensíveis, chamando-nos a direcionar nosso foco para elas. Como ele não consegue se curar sozinho, conta com a nossa tomada de consciência para “medicar” a nossa alma, em busca do nosso merecido repouso emocional.

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