Um dos ensinamentos mais lindos do Mestre Jesus, é o tradicional “dar a outra face”. Recebi algumas dúvidas por e-mail com relação a esse assunto e resolvi escrever um texto para esclarecer esse famoso ensino.
Há uma confusão no entendimento do assunto. Muita gente pensa que “dar a outra face” significa que não devemos reagir, nos defender ou nos impor perante determinadas situações. Para saber se foi isso mesmo que Jesus quis dizer, basta observar o seu próprio comportamento. Quando o templo de Jerusalém estava tomado por cambistas e comerciantes, o Mestre invadiu o local e com certa violência (necessária) expulsou os mercadores, lançando ao chão suas mesas, cadeiras e objetos. Ou seja, o “dar a outra face” nunca significou ausência de atitude, passividade. Do contrário, o Mestre seria hipócrita por ensinar uma coisa e fazer outra.
Então, o que significa “dar a outra face”? Em palavras simples, seria “não dê importância”. Porque, no sentido literal, se você der a outra face a quem te bater ou violar seus direitos, pode ter certeza, você será abusado, maltratado e humilhado. Defender-se e saber se impor quando preciso, é fundamental para viver bem neste mundo de sobrevivência. Passividade e falta de atitude caracterizam uma pessoa desconectada da própria essência e nunca uma iluminada.
Quando falamos de não dar importância, implica em não se contaminar com a maldade dos outros, não cair no jogo das pessoas negativas, não entrar em fase com o mal delas. Porque se a gente rebate o mal com o mal, cria um “Carma” com aquele indivíduo, um laço. Por isso, nos foi dito para devolvermos o mal com o bem, porque nessa atitude anulamos a energia negativa do outro e não nos conectamos com ela.
Entretanto, devolver o mal com o bem precisa ser entendido de forma mais profunda e sábia. Quando se fala em devolver o bem a quem te deseja ou faz o mal, não significa que você precisa fazer algo de bom para aquela pessoa. Não vamos ser hipócritas, pois quando alguém nos fere, o que realmente não desejamos devolver naquele momento é carinho, afeto e amor, certo!? Então, como devolver o bem nesse caso? Com desprezo e silêncio.
O desprezo (neste caso) é ausência do mal e de certa forma é expressão do bem, pois no desprezo não agredimos, simplesmente respeitamos o outro em sua escolha de ser (de repente) um imbecil. Ao mesmo tempo, não devolvemos imbecilidade a ele. Fazemos melhor, ignoramos sua maldade. Acho isso de uma grandeza enorme e bondade também. Visto que, instintivamente, o primeiro impulso que temos ao sermos feridos é devolver o “tapa”. Mas nem sempre esse “tapa” será o melhor a se fazer. Em muitos momentos, dar a outra face é a escolha mais inteligente. Não resistir ao outro quando ele está negativo, porque o que você resiste, persiste.
E tudo o que uma pessoa desconectada quer é arrastar os outros para a negatividade na qual se colocou. Em outras palavras, discutir, argumentar, rebater e conflitar alguém que te dá uma “bofetada na face” é apenas cair no jogo dela, fazer exatamente o que ela quer, criar confusão. Por isso, Jesus foi sábio em nos orientar a não dar importância à maldade dos outros. Estão falando mal de você? Dê a outra face. Estão te julgando? Dê a outra face. Alguém está te provocando? Dê a outra face. Contudo, não se esqueça de que às vezes você terá de se posicionar, colocar seu ponto de vista, impor-se, mas somente quando tal ação for de grande valia e necessidade. Do contrário, ignore, despreze, deixe a pessoa falando sozinha, dê as costas e vá embora.
É tão mais admirável o sábio se calar perante o tolo do que devolver a ele a sua própria tolice em argumentos jogados ao vento, discussões inúteis, argumentações sem proveito e energia mal-empregada! Uma vez que você escolhe dar importância ao mal do outro, inevitavelmente se sujará com ele. Não vale a pena. Portanto, sempre que surgir uma situação assim, faça-se as seguintes perguntas antes de devolver o “tapa”:
O que isso vai me acrescentar? Vai mudar alguma coisa se eu reagir? É necessário que eu me defenda? Se a resposta for “não” ou “nada”, não perca seu tempo, dê a outra face. É uma tarefa difícil, eu sei. Porque gostamos de dar a última palavra, vencer a discussão e ter razão. Mas olha, com o tempo a vida vai nos ensinando que ter razão pode custar o nosso bem-estar. E ter razão é um negócio relativo, pois todos têm razão em sua forma de pensar. No final, conta é ficar bem, não perder a nossa conexão por causa de pessoas que infelizmente não conseguem se manter no Bem. Escolha você, então! Dê a outra face. Não entre no jogo do mal, você merece sentir coisa melhor, nunca se esqueça disso.
Que o Amor nos cure!
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