Para ser feliz precisamos diminuir o “EU”

Já parou para pensar o quanto cultuamos o EU em nossa sociedade ocidental? Estamos sempre idealizando as habilidades individuais, as conquistas pessoais e os méritos singulares. Para a nossa sociedade, o “EU” tem atuação central. Entretanto a felicidade encontra-se na diluição desse eu, na possibilidade de existirmos em “NÓS” e não somente no eu.  

Neste texto, apresentarei para você uma nova possibilidade, mas talvez ele lhe traga um pouco de incômodo, pois como estamos imersos na cultura do EU será difícil abrir mão dessa visão, mas peço a você uma chance para uma nova possibilidade de visão e que pode mudar a sua vida. Vamos lá...

A Visão do EU

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O problema do EU é quando ocorre o autocentramento. Ficamos focados em nossas necessidades e não conseguimos olhar os outros e nem as coisas ao nosso redor, inclusive as possibilidades de fazer diferente. Nossa visão se estreita e ficamos retidos em nossos problemas. A depressão, grande problema que afeta a nossa sociedade contemporânea, é resultado de um autocentramento, onde a pessoa fica fixada em seus problemas sem conseguir enxergar nada mais do que a si mesmo, sempre imersa nos problemas.

Ao criarmos essa visão limitada do eu, acabamos achando que somos apenas as coisas que realizamos e as coisas que pensamos, quando, na verdade, nós somos muito mais do que isso. Somos seres que podem criar infinitas possibilidades. Entretanto caímos na armadilha do eu. 

Uma das armadilhas é o orgulho. Quando ficamos orgulhosos de feitos ou conquistas do EU, acabamos esquecendo que muitas causas, condições e pessoas nos ajudaram a realizar tal feito ou tal conquista. Nunca realizamos nada totalmente sozinhos. Por mais que você creia que tudo o que tem vem de seu esforço único, na realidade, se olhar com atenção, verá que várias pessoas passaram por tal acontecimento.  

Segundo a definição do Dicio.com, uma das definições de EU é: “Tendência demonstrada por uma pessoa que não se importa com ninguém, além de si mesma; egoísmo”. Contudo outra definição é a da psicanálise, onde Freud conceitua EU como uma instância moderadora da realidade, dos desejos do sujeito. Ocorre que, na maioria das vezes, usamos o eu da primeira maneira e não como um moderador de nossa realidade interna e da realidade externa. Isso causa muito sofrimento, não apenas nas pessoas que estão ao nosso redor, como também na própria pessoa, pois ao se desconectar dos outros, inevitavelmente, trará sofrimento para si. 

Buscando a felicidade no NÓS

No documentário “Happy”, muitos pesquisadores tentam responder à pergunta: Onde está a felicidade? 

No início do documentário, muitas pessoas acreditam que a felicidade está no dinheiro, no status e na fama, mas o desenrolar do documentário mostra que muitas pessoas que alcançaram tais condições não ficaram felizes. Muito pelo contrário, ficaram mais ansiosas, pois agora tinham uma condição que precisavam manter. 

A felicidade foi encontrada por pessoas que saíram da relação apenas do EU para uma relação com os outros, vivendo em uma comunidade. Somos os seres mais relacionais do mundo. Precisamos estar em contato com os outros seres para podermos viver. Ao escrever “Robinson Crusoé”, Daniel Defoe já sabia disso quando em uma parte do livro o herói se refere a estar feliz por ouvir outra voz humana. A felicidade não pode ser encontrada fora de nossas relações.

Basta olhar para a sua família, amigos e pessoas queridas. Precisamos entender que quanto melhor estivermos, mais a felicidade chegará para NÓS.  

Finalizo aqui com mais uma dica: se você acredita que a sua vida é triste e que está com depressão, que nada dá certo para você, sugiro que comece hoje mesmo a se dedicar a outra pessoa, a ouvir os problemas de outras pessoas, a sair de seu autocentramento e começar a ver o mundo por outro ângulo que não seja somente o do EU. Não estou aqui desmerecendo ou diminuindo o seu sofrimento, mas dizendo que você pode sair dele e olhar para outras possibilidades. A vida é maior do que o sofrimento e, com certeza, podemos ser felizes. 

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