Uma planta de grande beleza e uma das mais utilizadas no paisagismo tem flores delicadas, geralmente de cor azul-celeste, dispostas em pequenos buquês. Popularmente conhecida como bela-emília, ela ainda é chamada de jasmim-azul, dentilária, plumbago, jasmim-chumbo, beleza, nuvens azuis, Isabel, amor-de-mãe, celestina (em Portugal), “sky flower”, amor-agarradinho e mimo-do-céu.
Cheia de vivacidade e com nome botânico de Plumbago auriculata, essa planta é da família Plumbaginaceae e do gênero Plumbago, ocorrendo em praticamente todo o globo terrestre, e, por isso, é adaptada a vários tipos de clima.
Também tem uso medicinal, apresentando propriedades benéficas para a saúde física, mental e espiritual. É cercada de significados e particularidades. Conheça a bela-emília e o quanto ela favorece a vida de todos.
Mais sobre a bela-emília
O que é bela-emília?
Nativa da África do Sul, a bela-emília cresce sob climas equatorial, temperado, mediterrâneo, desértico, semiárido, oceânico, subtropical e tropical, preferencialmente com temperaturas mais quentes, sendo tolerante a longas estiagens e ao frio. É ruderal, mas pode ser cultivada em jardins, canteiros, jardineiras, vasos e como cerca-viva.
Planta rústica, tem características variáveis, conforme a espécie. A Plumbago auriculata é arbustiva, com altura que varia de 90 cm a 3 metros, com 1,5 metro de diâmetro. Possui um caule semilenhoso e muitos ramos escandentes, de cor verde-claro, que se desenvolvem de forma difusa.
Possui folhas perenes, inteiras, de textura fina, sem pilosidade, ovaladas, arredondadas no ápice, com base mais estreita, de cor verde-clara na superfície superior e verde-acinzentada na inferior, medindo de 2 a 2,5 cm de largura por cerca de 2 a 8 cm de comprimento. Elas ficam alternadas no caule, dispostas em forma de espiral. Sua base apresenta um apêndice que lembra uma orelha, motivo pelo qual a espécie recebe esse nome.
A floração da bela-emília geralmente ocorre no verão e no outono, dependendo da espécie. Ela atrai borboletas, abelhas e pássaros, pois possui aroma doce e intenso, além de néctar.
As inflorescências ficam dispostas em pedúnculos de 1 a 5 cm de comprimento e apresentam-se em cachos terminais compactos nos ramos.
Os cachos possuem de 6 a 15 cm de diâmetro, com cerca de 20 flores de cor branca, azul-celeste (a mais comum), lilás, azul-escura (conhecido por azul-imperial), rosa ou vermelha, de acordo com a variedade.
A flor de bela-emília é bissexual, completa (contém sépalas, pétalas, pistilos e estames) e apresenta uma corola tubular com cinco pétalas livres e obovadas, em tamanho inferior a 2 cm. Cada uma possui um cálice de 1 a 1,3 cm de comprimento, com sépalas de pelos glandulares que segregam uma substância pegajosa, a qual aprisiona insetos.
Por causa disso, as crianças costumam brincar com as flores, grudando-as, como brincos, nos lóbulos das orelhas ou nas roupas.
A bela-emília produz cápsulas oblongas, viscosas, oclusas no cálice, com cerca de 8 mm. Elas contêm apenas uma semente, de cor marrom ou preta, com tamanho médio de 6 mm. Elas, ao aderirem em animais, são transportadas para outros locais.
As raízes dessa planta podem atingir cerca de 30 cm de comprimento e não são agressivas. Têm cor amarela, quando frescas, e marrom-amarelada, quando secas. Ao serem cortadas, liberam seiva escura. São ligeiramente ramificadas e, se saudáveis, chegam à quantidade de 18 a 20, dependendo da espécie. Apresentam textura lisa e uniforme, casca marrom, odor azedo característico e sabor amargo. São ricas em agentes bioquímicos importantes na farmacologia.
O nome Plumbago auriculata foi dado, em 1789, pelo naturalista francês Jean-Baptiste de Lamarck (1744-1789); mas a planta também foi chamada, pelo botânico sueco Carl Peter Thunberg (1743-1828), de Plumbago capensis. O nome válido, porém, é o primeiro, por ser mais antigo.
Esse nome faz alusão ao chumbo (elemento químico da Tabela Periódica, conhecido pelo termo latino Plumbum), devido à crença de que a planta tinha o poder de curar envenenamentos causados por esse metal tóxico, fato que já se encontra desmitificado.
Aliás, essa planta ornamental esplendorosa é também conhecida por ter todas as partes tóxicas. Apesar disso, ela possui compostos químicos benéficos para a saúde física e mental do ser humano, sendo usada como fitoterápico por suas propriedades medicinais.
Propriedades da bela-emília
Conhecida desde a Antiguidade, e indo muito além do uso ornamental, ao longo do tempo, a bela-emília chamou a atenção de estudiosos da farmacologia. Eles se perguntavam quais seriam os compostos fitoquímicos que forneciam os efeitos, conhecidos pela medicina caseira, no tratamento de doenças e na manutenção da saúde.
Presente na terapêutica cotidiana de muitos povos, a planta é indicada para aliviar dores de cabeça, de dente e no corpo (após exercícios físicos extenuantes). Também é indicada para eliminar verrugas e resolver contusões. Ela é conhecida por auxiliar no tratamento de tuberculose, malária, epilepsia, reumatismo e icterícia, bem como por ajudar a baixar a febre, além de facilitar o sono e acabar com pesadelos.
Popularmente, acredita-se que ela dê fim a vômitos e diarreias, até mesmo em bovinos, e que ajude na cicatrização de feridas, ulcerações cutâneas, hemorroidas e fraturas. Ainda se crê que auxilia no tratamento de queimaduras solares e de manchas.
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Entretanto, a partir de estudos científicos, que vão se ampliando pelos continentes, especialmente em países onde a planta tem amplo uso medicinal e alimentício, o que se conhece até o momento é que as várias espécies, notadamente a Plumbago auriculata, possui flavonoides (luteolina, quercetina, rutina, apigenina, catequina etc.), terpenoides, taninos, saponinas, alcaloides, proteínas, carboidratos e fenóis, sendo estes abundantes.
Todos esses compostos são benéficos para a saúde humana, influenciando diversas funções do organismo, de modo a confirmar alguns dos usos da medicina popular.
Além disso, a bela-emília contém plumbagina, uma naftoquinona com propriedades anticancerígenas, antifúngicas, anti-inflamatórias, antibacterianas, antimaláricas, antidiabéticas e antioxidantes. Da mesma forma, contém beta-sitosterol e outros agentes bioquímicos, que protegem os sistemas cardiovascular, neurológico e imune.
Tipos de bela-emília
O gênero Plumbago, do qual faz parte a espécie Plumbago auriculata, pertence à família botânica Plumbaginaceae. Essa família conta com cerca de 27 gêneros, dois deles presentes no Brasil (Plumbago e Limonium), e de 650 a mil espécies ocorrendo no mundo, principalmente na região mediterrânea e na Ásia central.
Plumbago é um dos mais importantes gêneros dessa família, devido ao potencial medicinal e, especialmente, pelo valor ornamental. Conheça, além da espécie Plumbago auriculata, outras espécies e variedades desse gênero:
1 – Plumbago aphylla: nativa de Madagascar, essa espécie ocorre na Tanzânia, na Namíbia, em Angola, na África do Sul e nos Estados Unidos, entre outros locais. Cresce nas dunas, na savana, nas areias costeiras e em recifes de coral, em altitudes de até 300 metros. Apresenta flores brancas e poucas folhas.
2 – Plumbago auriculata: é a espécie da qual trata este artigo. Ela é cosmopolita e normalmente apresenta flores de cor azul-pálida, formando maciços de grande valor ornamental e com partes (como as folhas e a raiz) amplamente usadas para fins medicinais.
3 – Plumbago auriculata alba: é uma variedade de bela-emília chamada de erva do cabo, com flores totalmente brancas, que brilham ao amanhecer e são de grande beleza. Recebeu o Prêmio de Mérito de Jardim, da Royal Horticultural Society.
4 – Plumbago ciliata: espécie nativa da Tanzânia, está criticamente ameaçada de extinção sem seu habitat natural, conforme a Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN).
5 – Plumbago europaea: também conhecida como chumbo comum, essa espécie é nativa de lugares secos e incultos do sul da Europa e da Ásia Central. É também conhecida como erva-das-feridas, dentilária e erva-de-santo-antônio. Foi descrita por Carl Linnaeus (1707-1778) na obra “Species Plantarum”, de 1753. Possui flores com cor que varia de rosa a lilás.
6 – Plumbago indica: também chamada de plumbago escarlate, chumbo indiano e chumbo escarlate, essa espécie é nativa do sudeste da Ásia, como Paquistão, China, Indonésia, Filipinas, Yunnan e Índia, de onde vem seu nome. Ela se destaca pela floração, de rosa profundo a vermelho-vivo, e pelos usos na medicina tradicional em muitos países.
7 – Plumbago pearsonii: espécie nativa da Namíbia, distingue-se pelas flores de cor amarela, com extremidades de rosa a violeta-púrpura, e folhas em verde-acinzentado. O nome foi dado, em 1920, em homenagem ao professor de Botânica da South African College, na cidade do Cabo, Henry Harold Welch Pearson (1870-1916).
8 – Plumbago pulchella: também chamada de capim-escorpião e cola-de-iguana ou cauda-de-iguana, entre outros, essa espécie se distingue das demais por ter flores de lilás a violeta, com corola em formato de estrela, pontiaguda na extremidade superior e espinhos minúsculos ao longo do caule salpicado de vermelho, assemelhando-se à cauda de um iguana. É nativa do México e tem aplicações na medicina tradicional e veterinária.
9 – Plumbago scandens: é uma espécie típica da restinga, conhecida como “erva-de-diabo”. Foi usada por curandeiros, que a aplicavam na nuca de pessoas com doenças relacionadas à mente, motivo pelo qual um de seus nomes populares também é “louco”. Possui flores com pétalas brancas, e estames e anteras de azul a lilás. Ocorre em todas as regiões brasileiras.
10 – Plumbago tristes: nativa da cidade do Cabo, na África do Sul, essa espécie se desenvolve nos biomas subtropicais. Possui flores com pétalas obovadas, de cor vermelho-alaranjada.
11 – Plumbago wissii: nativa da Namíbia, essa espécie possui folhas lineares bastante estreitas e carnudas, que retêm umidade. As flores têm pétalas mais afinadas, com cor que varia do lilás ao violeta, sobre um tubo de lilás a marrom-pálido. É rara e nasce entre pedregulhos e nas rochas de granito do planalto de Brandberg, uma área cercada pelo deserto namibiano. Foi descoberta, em 1955, pelo agricultor e naturalista Hans-Joachim Wiss (1903-1991), de onde vem seu nome.
12 – Plumbago zeylanica: também conhecida como chitrak, chumbo-do-ceilão e chumbo-selvagem, essa espécie ocorre em áreas tropicais e subtropicais do globo, estando presente em todos os continentes. É cultivada para fins medicinais, principalmente no Sri Lanka e no sul da Índia, onde é utilizada na medicina Ayurvédica. Possui flores brancas, sendo sinonímia da Plumbago scandens.
Para que serve a bela-emília
A bela-emília esteve no cotidiano de civilizações como Grécia e Roma. Acreditava-se que ela era uma planta capaz de curar envenenamento por chumbo, porém, também era usada para tratar várias enfermidades na medicina popular.
Atualmente, as muitas pesquisas científicas, em vários países do mundo, identificaram seus compostos fitoquímicos e não só confirmaram algumas aplicações etnobotânicas, como lhe atribuíram outras propriedades.
Além do uso paisagístico em cercas-vivas, bordaduras, maciços e jardins em geral, as partes da planta podem ser empregadas em preparações medicamentosas para tratar várias enfermidades, para trazer bem-estar mental e para prevenir doenças, ajudando na manutenção da saúde física.
A bela-emília, desde que cultivada de forma orgânica e conforme a indicação de um profissional experiente em fitoterápicos, pode ser usada para tratar úlceras pépticas e outros distúrbios gástricos. Tem ação anti-inflamatória e ajuda a proteger o fígado. É um anticoagulante natural e estimula o sistema nervoso, além de protegê-lo contra algumas doenças neurodegenerativas associadas a inflamações, como Parkinson.
Além disso, a bela-emília é uma planta espiritual. Em muitas culturas, ela é usada para conduzir uma pessoa ao seu centro, de modo a evitar dispersões. A ela é atribuída a característica de fortalecer o espírito para despertar a confiança em si. Ela é conhecida por favorecer a intuição e por estimular a compreensão de pensamentos, sentimentos e energias para superar dificuldades.
Qual é o significado da bela-emília
Além de beleza, aroma e benefícios para a saúde (como alimento e recurso terapêutico), as plantas, assim como todos os seres vivos, possuem energia e são capazes de influenciar emoções e sentimentos. A bela-emília não foge a essa característica. Ela produz esperança, positividade e bons anseios.
Ainda, ela revela, por meio de seus atributos físicos e pelos simbolismos que lhe foram conferidos pelas culturas ao redor do mundo, a personalidade de alguém que age com diplomacia, refinamento, justiça, tranquilidade e amabilidade. Diz respeito àquela pessoa com habilidade para tomar decisões e agir de modo determinado.
Aliás, quando uma pessoa se sente indecisa, sem saber o que escolher, ou se se deixa levar pelas opiniões alheias, deixando-se influenciar em demasia, ela deve buscar admirar as flores da bela-emília e aproveitar a oportunidade para refletir e para identificar as próprias forças. Deve se conectar com sua intuição e perceber a beleza de sua individualidade, buscando elevar sua autoestima, sua confiança e a compreensão de ser livre para escolher seus caminhos.
A bela-emília na espiritualidade
Uma das formas ancestrais de o ser humano se relacionar com a natureza, além de fazer uso dela para sua sobrevivência, é lhe atribuindo significado místico, sendo este uma expressão de seu respeito e de seus valores morais.
Nesse sentido, o significado da bela-emília na espiritualidade corresponde ao quanto essa planta é capaz de estimular emoções e sentimentos de fé e de paz. Por ela ser uma planta comum a muitas nações, no decorrer das épocas, ela faz parte de crenças populares que acabam por validar seu poder.
Além disso, os benefícios da bela-emília, na espiritualidade, são reconhecidos pelas pessoas, que, empiricamente, percebem mudanças em si, nos demais e no seu meio social. Conheça alguns deles:
1 – Inspira a ampliar a consciência, evoluir espiritualmente e avançar no espaço-tempo, da mesma forma que diferentes espécies da planta estão presentes na maior parte do planeta.
2 – Encoraja a ter esperança e persistência diante das adversidades como condutas que levam à prosperidade. A bela-emília nasce espontaneamente em solos arenosos, incultos e pedregosos, bem como por meio de cultivo.
3 – Motiva a buscar forças na conexão espiritual. Para alguns povos, presentear com um buquê de bela-emília significa desejar o apoio de guias espirituais, na jornada da vida, e a conexão com o divino.
4 – Representa paz, introspecção e reflexão, especialmente quando a planta apresenta floração de cor branca ou azul.
5 – Promove o sentimento de renovação, uma vez que as flores da bela-emília ocorrem durante praticamente o ano todo, num ciclo contínuo.
6 – É um símbolo de coragem, de respeito e da importância de lutar pelos objetivos, principalmente quando as flores têm cores que vão do rosa profundo ao vermelho-vivo.
7 – Favorece agir com humildade, reverência, verdade e lealdade. Apesar de se mostrar bastante simples, a bela-emília oferece beleza exatamente pelo que é: suporte para outros seres vivos, de forma variada e importante.
8 – Permite manter viva a crença popular no poder das plantas, uma vez que seus ramos são usados com sentido mágico, sendo amuletos de proteção contra o mal. As raízes dão origem a um banho que ajuda a afastar a discórdia matrimonial.
9 – Oferece tranquilidade para superar a temeridade dos raios. Entre alguns povos africanos, existe a crença de que amarrar feixes de ramos de bela-emília e colocá-los nos beirais das casas afasta a possibilidade de que os raios caiam sobre elas.
10 – Influencia a identificar a beleza da Criação na natureza e a integração dos seres vivos. Também desperta a compreensão de si como parte de um todo e, ao mesmo tempo, sugere que deve haver limites, equilíbrio e controle emocional para que todos vivam em harmonia.
11 – Suscita a busca por viver com alegria e vivacidade, especialmente porque a bela-emília forma um conjunto exuberante de flores e ramos. As pétalas das flores possuem uma textura aveludada e brilhante, que inspira a mostrar a própria luz pessoal.
12 – Distingue curandeiros e terapeutas da medicina popular, especialmente na África do Sul, que utilizam amuletos pessoais e uma espécie de talher enforquilhado dos ramos da bela-emília para preparar medicamentos e obter poderes mágicos e de cura.
A bela-emília na saúde
Além dos atributos culturais associados às plantas, muitas são usadas para fins medicinais e representam, para algumas comunidades, a única forma disponível e econômica de tratar enfermidades, não sendo diferente em relação à milenar bela-emília.
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Assim, o significado da bela-emília na saúde está relacionado às crenças de diversos povos, ao longo das épocas, por meio da transmissão de conhecimentos empíricos da terapêutica popular. Relaciona-se, ainda, às muitas pesquisas que contribuem para elucidar os compostos químicos que favorecem as propriedades que lhes são atribuídas, ampliando o seu uso.
Na verdade, os benefícios da bela-emília na saúde são conhecidos há muito tempo. Cada vez mais, eles vêm se mostrando fundamentais para prevenir e tratar doenças que representam transtornos à vida cotidiana de milhares de pessoas. Veja alguns deles:
1 – Apresenta atividade antiúlcera. O extrato etanólico das raízes da Plumbago auriculata mostrou-se capaz de neutralizar ácidos estomacais.
2 – É fonte de plumbagina, que representa um fitoquímico com efeito neuroprotetor e terapêutico na disfunção comportamental e nas doenças neuropsiquiátricas associadas à inflamação.
3 – Possui ação antifúngica, representando potencial no desenvolvimento de produtos para tratamento de doenças em culturas agrícolas, de humanos e animais. É eficaz, por exemplo, contra a germinação de esporos de fungos, como a Curvularia lunata, que causa danos em plantações de milho, sorgo e outras.
4 – Representa um grande potencial no desenvolvimento de terapias concomitantes com antibióticos sintéticos, uma vez que apresenta ação contra bactérias gram-positivas e gram-negativas, devido a seus aalcaloides e compostos fenólicos.
5 – Denota atividade citotóxica, combatendo a Helicobacter pylori, bactéria capaz de gerar úlceras pépticas, alguns tipos de gastrite e câncer de estômago. As raízes possuem plumbagina, composto químico que se mostra promissor contra alguns tipos de câncer.
6 – Contém bioagentes anticancerígenos, como o sitosterol. O extrato das folhas de Plumbago auriculata foi testado contra linhagens de células malignas ovarianas e pulmonares, e revelou atividade apoptótica e antiproliferativa, representando um bom potencial.
7 – Revela grande potencial como agente de tratamento de infecções nosocomiais (aquelas que surgem após intervenções cirúrgicas ou períodos de internação hospitalar), notadamente os extratos das raízes, que contêm compostos como fenóis e aminas cíclicas (alcaloides).
8 – Mostra potencial antioxidante e anti-inflamatório, com efeitos hepatoprotetores, além de ser importante no combate à fibrose hepática, pois possui muitos flavonoides.
9 – Protege o sistema cardiovascular, estimulando a contração do tecido muscular cardíaco, uma vez que é fonte de plumbagina, que também age estimulando o sistema nervoso.
10 – Pode ser usada no desenvolvimento de alimentos funcionais e de suplementos para o controle da obesidade, por conter bioativos inibidores da lipase. Além disso, pode ser fonte na produção de novos medicamentos para emagrecimento, embora sejam necessárias mais pesquisas.
11 – Age como anticoagulante sanguíneo, uma vez que possui naftoquinonas.
12 – Oportuniza o combate a algumas espécies de mosquitos, como Anopheles gambiae (transmissor da malária) e Aedes aegypti (transmissor de dengue, chikungunya, febre amarela urbana e zika), pois contém naftoquinonas, podendo ser manejado como pesticida natural.
13 – Promove atividade antiviral contra o metapneumovírus aviário, que causa problemas respiratórios em aves e se relaciona com o metapneumovírus humano, pois possui ácido gálico, clorogênico, catequina e ácido elágico.
Bela-emília: onde e como usar
A bela-emília é uma importante planta medicinal em alguns lugares do mundo, notadamente na África do Sul e em países do leste africano. Além disso, por ter floração densa e geralmente de cor azul, tem valor paisagístico e ornamental, sendo amplamente cultivada.
A descoberta de importantes fitoquímicos para a vida humana amplia as oportunidades de uso que até então eram restritas. Desse modo, atualmente se pode obter muito dessa planta, que possui espécies significativamente estudadas para o desenvolvimento de medicamentos e de suplementos alimentares.
A bela-emília tem uso paisagístico, formando bordaduras, maciços e cercas-vivas. Atrai pássaros, abelhas e principalmente borboletas, como a borboleta-azul comum (Cyclyrius pirithous). Ao florescer praticamente o ano todo, traz beleza e vida a residências, parques, jardins de edifícios públicos e comerciais.
É uma planta ornamental que pode ser cultivada em vasos, hortas e jardins residenciais, trazendo grande impacto visual e combinando com flores de cores como amarelo, laranja e fúcsia, principalmente no Brasil, onde há uma profusão de plantas com essa característica.
Além disso, as inflorescências de caules longos da bela-emília decoram ambientes internos em vasos, de forma distinta ou combinada com outras flores. Pode ainda compor arranjos e buquês de casamento, ajudando, até mesmo, a manter uma tradição, entre as noivas, de ter algo azul na data.
E para quem aprecia o Feng Shui, a bela-emília de flores azuis pode ficar ao norte; se for de flores brancas, pode compor um jardim a oeste e a noroeste.
As sementes são importantes economicamente, pois representam uma das formas de cultivo da planta, sendo muito comercializadas ao redor do mundo.
O uso alimentício que se faz da bela-emília é raro e deve ser evitado, principalmente se o cultivo não for orgânico. Para essa finalidade, é fundamental o estreito conhecimento sobre a espécie da planta.
No entanto, o principal uso da bela-emília é na medicina popular. Nesse uso, as folhas são empregadas em decocção, para tratar distúrbios gastrointestinais, gripes e resfriados. Essa forma de preparação também pode ser adotada para as raízes. Contudo, antes de se destinar à fervura, elas são cortadas em pedaços e descansam numa solução de água e cal por, no mínimo, três horas, com repetição do processo algumas vezes, de modo a purificá-las, conforme indicações da medicina Ayurvédica.
Além disso, quando as raízes são secas, elas podem ser transformadas em pó, que dá origem a emplastros para tratar fraturas, ferimentos cutâneos e verrugas. Quando misturado ao leite, por exemplo o de cabra, ele trata problemas estomacais, induz o vômito, reduz inflamações nas articulações e alivia a dor.
O chá de bela-emília, produzido pela infusão das folhas frescas, é muito comum, principalmente para tratar dores de dente, náuseas, vômitos e insônias.
Apesar desses usos populares e dos resultados empíricos, é importante lembrar que os benefícios do chá de bela-emília não estão totalmente confirmados, e a dosagem e a frequência devem ser indicadas por um especialista em produtos fitoterápicos.
A bela-emília, como visto anteriormente, é uma planta muito pesquisada, principalmente por conter agentes bioquímicos importantes para prevenir e tratar desde doenças simples até as mais graves. Logo, ela é uma planta que representa um grande potencial, como matéria-prima, para medicamentos diversos, notadamente em substituição a antibióticos para os quais há resistência de bactérias, fungos e vírus.
Ela é conhecida por conter pigmentos que podem ser utilizados em corantes para tecidos, sendo bege, verde-limão e amarelo ou dourado — muito embora as técnicas atuais estejam bastante avançadas no segmento, com o emprego de agentes sintéticos.
Quanto ao uso ecológico, essa planta possui fitoquímicos que podem ser aplicados no desenvolvimento de produtos para o combate a pragas de culturas economicamente importantes, bem como para medicamentos voltados a animais de pequeno e grande porte.
Juntamente com extratos de outras plantas, a bela-emília é utilizada na formulação de florais destinados a pessoas que precisam resgatar a convicção nas próprias escolhas e capacidades.
Em algumas culturas da África, a seiva azul-acinzentada das raízes é empregada em tatuagens.
Quanto ao uso místico, mais comum em países africanos, um pedaço do caule da bela-emília é usado para representar a aquisição de conhecimentos ritualísticos e de medicina popular. Nele, a cada grau evolutivo que um aprendiz alcança, uma miçanga é acrescentada.
Contraindicações e efeitos colaterais da bela-emília
Principalmente quando mais de uma planta tem um mesmo nome popular, é fundamental que o uso a ser feito dela seja muito cuidadoso. Além disso, é de conhecimento geral que as plantas contêm agentes bioquímicos que geram benefícios, mas, ao mesmo tempo, podem produzir efeitos indesejados e até nocivos.
A sabedoria popular, ao longo das épocas, contribui para disseminar o uso adequado de fitoquímicos, porém, não é suficiente. Da mesma forma, os estudos científicos nem sempre chegam a todos na velocidade e da forma necessárias. Nesse processo, há muitas inconsistências que podem gerar riscos no uso das plantas. Portanto, é imprescindível que somente se faça uso de preparações com elas a partir da indicação especializada. No caso da bela-emília (Plumbago auriculata), entenda o porquê.
1 – Ainda que a bela-emília seja rica em compostos bioativos de alto valor medicinal, como a plumbagina, a dose ou a frequência excessiva, na ingestão de chá, pode produzir efeitos colaterais, como erupções cutâneas, febre, dor de estômago, diarreia, paralisia, insuficiência respiratória, toxicidade hepática e óbito.
2 – Todas as partes da planta, incluindo a seiva e a pilosidade do caule e das folhas, podem causar dermatite e irritação nos olhos.
3 – Crianças, mulheres grávidas ou que estejam amamentando e idosos não devem fazer uso de decocções, infusões e outros produtos à base da planta.
4 – Pessoas que façam uso de medicamentos de uso contínuo para doenças cardíacas, gástricas, hepáticas, mentais, ou que estejam sob terapia para tratamento de câncer jamais devem substituí-los por produtos de bela-emília, a menos que haja prescrição médica.
5 – Animais domésticos podem andar em meio à bela-emília, porém, tão logo se percebam eventos de diarreia e vômito, decorrentes da ingestão de partes da planta, um veterinário deverá ser consultado de imediato.
Como plantar e cuidar da bela-emília
Simples, exuberante e cheia de simbolismo, a bela-emília é uma planta ornamental digna de ser cultivada em jardins e vasos. Além de apresentar flores em cores atrativas, ela não exige cuidados constantes ou complexos.
Porém, é importante saber que ela não se adapta a mudanças bruscas de temperatura e não tolera ventos fortes. Além disso, os caules podem ser sustentados por treliças e dar forma a coberturas e maciços maravilhosos. Então, veja como cuidar da planta bela-emília em vaso:
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1 – Adquira as sementes da bela-emília referindo-se ao nome botânico da planta. Lembre-se de que outras espécies são vulgarmente chamadas dessa mesma forma, então, opte pela Plumbago auriculata.
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2 – Escolha um vaso grande, preferencialmente de terracota. Considere pelo menos 60 cm de profundidade por 60 cm de diâmetro ou de largura. Ele deverá ter um orifício no fundo, para facilitar o escoamento de água.
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3 – Opte por um local bem iluminado, que preferencialmente receba luz solar, com pouco vento e protegido de geadas para colocar o vaso. Com o passar do tempo, essa planta tende a se desenvolver, dificultando a sua remoção para outro lugar.
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4 – Coloque argila expandida no fundo do vaso, brita, caco de telha ou lascas de carvão vegetal, para promover a drenagem da água. Acrescente uma fina camada de areia. Lembre-se de que a bela-emília não deve sofrer excesso de umidade, o que pode provocar o apodrecimento de suas raízes e a morte da planta. Escolha a primavera para fazer o plantio.
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5 – Adicione terra rica em composto orgânico bem seco. Embora a bela-emília cresça em solos rústicos, terá melhor floração e folhagem se eles forem férteis. Considere um pH levemente ácido, entre 6,1 e 6,5. Misture húmus de minhoca ou esterco de galinha. Encha o vaso, deixando cerca de 1 cm da borda.
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6 – Espalhe as sementes de maneira uniforme no vaso. Cubra com uma fina camada de terra e borrife água por tudo.
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7 – Coloque um plástico transparente sobre a superfície do vaso, protegendo as sementes. Nesse ponto, evite a exposição da planta ao sol excessivo. Ela se desenvolve muito bem à sombra. A planta não deve ficar exposta à temperatura inferior a 10 graus Celsius, pois isso dificulta tanto a germinação quanto o desenvolvimento dela.
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8 – Mantenha o solo úmido, mas não exagere nas regas. Faça o teste do indicador na profundidade da terra para verificar a real necessidade de água.
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9 – Retire o saco plástico da planta tão breve os primeiros brotos cresçam. Eles não devem ser pressionados.
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10 – Efetue as regas sempre privilegiando molhar o solo e não as folhas e os caules, que devem receber água borrifada em pequena quantidade, ao cair da tarde, se houver necessidade. Elas devem ser mais frequentes na primavera e no verão.
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11 – Insira estacas ou pequenas treliças no vaso, se desejar que a planta cresça de forma ascendente e mais compacta. Lembre-se de que os galhos da bela-emília tendem a se espalhar de modo escandente.
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12 – Realize uma adubação da planta, pelo menos uma vez ao ano, preferencialmente nos meses mais quentes. Isso irá promover o melhor crescimento e a abundância de flores. Prefira adubos orgânicos, como produto de composteiras, que estejam bem curtidos. Evite pó de osso, pois ele torna o solo menos ácido. Se optar pelo químico, proceda conforme as indicações do fabricante. Normalmente se utiliza o NPK 4-14-8.
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13 – A primeira floração deverá ocorrer após dois anos da semeadura. As podas devem ser feitas após a florada, no final do outono ou na época seca do inverno. Contudo, se surgirem folhas e galhos amarelados, ou mesmo algumas flores murchas, utilize uma tesoura de jardinagem esterilizada e corte-os. Coloque luvas para evitar irritações na pele.
Desvende o poder curativo da seiva do dragoeiro
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14 – Realize uma poda de condução, se desejar que os ramos da bela-emília se concentrem num formato arredondado ou se preferir que eles se mantenham crescendo numa linha ascendente, em treliças e estacas no vaso.
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15 – Proceda a uma poda drástica a cada dois anos. Nesse caso, corte ? da ramagem. Entenda que, dessa forma, a planta tende a se fortalecer e se tornar ainda mais encantadora.
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16 – Observe a incidência de pragas na planta. A bela-emília costuma ser bastante resistente, mas é suscetível a formigas e pulgões. Caso isso ocorra, utilize fertilizantes industrializados, adquiridos em lojas de jardinagem, e siga as orientações do vendedor e do fabricante.
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17 – Colha as sementes dos frutos com uso de uma luva e guarde-as em local seco e ao abrigo da luz.
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18 – Multiplique o cultivo de sua planta. Saiba como reproduzir a bela-emília! Há três formas para isso: por sementes, divisão de touceiras e por estacas. Veja como fazer muda de bela-emília por meio de estaca:
a – Corte em diagonal de 45 graus um caule lateral e jovem da planta, com cerca de 10 cm de comprimento.
b – Elimine as folhas próximas da base a ser inserida no solo, se for necessário.
c – Deixe a estaca durante uns 10 minutos na água. Se preferir, utilize um acelerador de enraizamento. Ele pode ser adquirido em lojas de jardinagem ou pode ser caseiro. Nesse caso, coloque a parte cortada em diagonal num pouco de mel e aguarde cerca de 15 minutos, antes de inserir na terra.
d – Coloque a estaca em um pequeno vaso com orifício no centro, argila expandida (ou brita), no fundo, e terra preparada com húmus de minhoca e areia, em partes iguais. Insira pelo menos uns 3 cm do caule e pressione a terra no entorno, para que ele fique firme.
e – Umedeça bem a terra, sem encharcá-la.
f – Cubra o vaso com um plástico transparente, de modo que ele não toque a planta. Retire-o sempre que precisar umedecer o solo.
g – Observe características da planta como cor das folhas e do caule. Essas partes devem estar verdes e viçosas. Após cerca de quatro semanas, já deverá ter um bom sistema de raízes, e a planta poderá ser transplantada para um vaso, mais largo e mais profundo, ou para o solo do jardim.
h – Faça o transplante aproveitando todo o torrão da planta, que deverá ser abrigado no novo vaso ou no solo em que ela ficará definitivamente. Cuide da nova bela-emília conforme descrito nos itens 10 a 15.
Mitos e verdades sobre a bela-emília
A tradição de uso das plantas para diversas finalidades no cotidiano humano é ancestral. Desde muito cedo se descobriu que elas podem curar, e, a partir disso, o conhecimento sobre elas é transmitido de geração em geração, em muitas culturas. Também é transmitido pelos meios acadêmicos e científicos, que, cada vez mais, comprovam o quanto elas são oportunas e importantes para promover saúde integral.
Apesar disso, há informações equivocadas sobre elas, que tornam o uso de fitoterápicos alvo de atenção e, eventualmente, trazem risco e descrença. A bela-emília não se exclui à regra. Então, conheça alguns mitos e verdades sobre ela!
1 – A bela-emília é uma planta tóxica? Verdade.
Ela possui compostos químicos benéficos, de diversas formas, para a saúde do ser humano, mas também alcaloides e plumbagina, que podem causar irritações e outros efeitos, até mesmo levar a óbito.
2 – A decocção de raízes de bela-emília cura pessoas envenenadas por chumbo? Mito.
Embora a planta tenha a capacidade de extrair o chumbo da terra por meio de fitorremediação, não há evidências de que ela possa curar seres humanos envenenados por chumbo.
3 – A bela-emília é abortiva? Verdade.
A planta é usada tradicionalmente, no sudeste asiático, com essa finalidade. No entanto, um estudo com ratas, em laboratório, publicado no “Pakistan Journal of Biological Sciences”, em 2007, revelou que a Plumbago rosea é a espécie capaz de causar tal efeito.
4 – A bela-emília causa malformações fetais? Mito.
Embora a planta da espécie Plumbago rosea, devido à plumbagina, cause toxicidade aguda e atividade abortiva em ratas de laboratório, efeitos teratogênicos dos fetos não foram evidenciados na pesquisa divulgada em 2019 no “The International Journal of ScienceTechnoledge”.
5 – O chá de bela-emília pode ser usado em tratamentos para depressão? Mito.
Embora tenha sido demonstrado, em estudo com ratos de laboratório, que a plumbagina, um dos bioativos de folhas da planta, possui atividade antidepressiva, não há comprovação de que o chá exerça esse efeito.
6 – O chá de bela-emília é afrodisíaco? Mito.
Embora tenha sido atribuído esse efeito ao chá por alguns povos, não há confirmação científica de tal ação.
7 – Os extratos etanoicos de raízes de bela-emília têm ação contraceptiva? Verdade.
Eles apresentam uma inibição temporária da ovulação, conforme demonstrou o estudo “Antifertility activity of Plumbago zeylanica Linn. root”. Contudo, trata-se da espécie Plumbago zeylanica.
8 – O chá de bela-emília retarda o aparecimento de rugas? Mito.
A planta possui compostos antioxidantes, porém, não há comprovação científica sobre essa atividade.
9 – Aspirar o pó de raízes de bela-emília cura a enxaqueca? Mito.
Embora as raízes da planta contenham plumbagina, ácido plumbático e ácido vanílico, eficientes no alívio de dores de cabeça, não há comprovação científica de cura de enxaqueca por aspiração do pó.
10 – O extrato das raízes de bela-emília tem efeito sedativo? Verdade.
Ele apresentou atividade sedativa, porém, tal efeito foi estudado para uma das espécies da planta, a Plumbago zeylanica (Adesina, 1982).
11 – A bela-emília representa um potencial farmacológico no combate à leishmaniose? Verdade.
Embora a Plumbago auriculata deva ser estudada quanto a essa atividade, outras espécies já mostraram tal eficiência devido à ação de naftoquinonas, entre elas, a plumbagina.
Em síntese, você conheceu a bela-emília (Plumbago auriculata) e os benefícios que ela oferece para a saúde física, mental e espiritual das pessoas. Também pôde saber que ela inspira tranquilidade, expansão da consciência e equilíbrio. Descubra o que outras plantas do Oráculo Floral têm a oferecer para sua vida. Acesse os links abaixo!
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